Quantos holandeses se equivalem a um Messi? Até que ponto o brilho individual pode sobressair a um jogo em equipe? Um craque a um passo da eternidade ou um país a uma vitória de, enfim, consolidar um futebol historicamente coletivo? Argentina e Holanda medem forças nesta quarta-feira, às 17h (de Brasília), na Arena Corinthians, pelo direito de enfrentar a Alemanha na decisão da Copa do Mundo no Brasil. Em campo acontecerá também um duelo de estilos de jogo que passaram por apuros neste Mundial, mas demonstraram, a sua maneira, que são, sim, competitivos e eficientes.
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(Foto: Reuters)
A Holanda tem mais craques, tem mais jogadores com o poder de decisão: Robben, Van Persie e Sneidjer estão na primeira linha do futebol mundial. Nenhum deles, no entanto, tem a genialidade de Lionel Messi. Uma genialidade, que a Argentina precisará mais do que nunca. Sem Di María, lesionado, o craque perdeu seu principal parceiro e terá ao lado somente Pipita Higuaín, aquele que talvez era o menos badalado do chamado quarteto fantástico – Agüero, que começou mal a Copa, está recuperado de problema na coxa e fica no banco de reservas.
Os holandeses chegaram à semifinal amparados por um jogo coletivo. Foram 100% na primeira fase, golearam a Espanha, viraram nos minutos finais diante do México e suaram para vencer a Costa Rica nos pênaltis. Quando não tiveram Robben, Van Persie ou Sneijder, tiveram Louis van Gaal, tiveram Krull. Com uma substituição improvável no minuto final da prorrogação, o treinador demonstrou conhecer bem seu elenco, fez saber que entre os laranjas todo mundo pode decidir, e colocou o goleiro reserva para parar a maior zebra do Mundial.
A Argentina, não. A Argentina sempre dependeu do brilho individual. Quase sempre de Messi, mas também com espasmos decisivos de Higuaín e Di María. Na primeira fase, assim como os rivais desta tarde, os hermanos foram 100%, mas sem golear, sem convencer. Contra Bósnia, Irã e Nigéria, Messi fez a diferença. O mesmo aconteceu diante da Suíça, quando rolou com açúcar para Di María salvar no minuto final do tempo extra. Já contra a Bélgica, nas quartas, contou com seu último e fiel escudeiro. Higuaín foi o herói em uma partida onde a defesa surpreendeu e mostrou que, sob pressão, os hermanos também podem ser coletivos.
Quem vencer o confronto de estilos em São Paulo pegará a ponte-aérea para o Rio de Janeiro para o momento tão esperado no Mundial: a decisão, domingo, no Maracanã, às 16h (de Brasília), diante da impressionante Alemanha. Já o derrotado segue para Capital Federal, onde disputa com o Brasil o terceiro lugar, no sábado, 17h, no Estádio Nacional de Brasília.
No dia da independência, aposta na revolução de Messi
Na Argentina ou no Obelisco, em Buenos Aires, a esperança da Argentina está depositada nos pés de Messi. É ele, e só ele, quem faz os hermanos acreditarem que o tri é possível, que novamente um craque pode, sim, reeditar o que Maradona fez em 1986: levar, quase que sozinho, a Copa do Mundo para casa. A partida desta quarta conta ainda com um contorno especial: é aniversário da independência do país, 198 anos.
E se Messi tem a responsabilidade de decidir, a maioria dos outros dez jogadores que estarão em campo tem a missão de impedir. Impedir que o veloz e eficiente ataque a Holanda imponha problemas e acabe com o sonho de voltar à decisão de um Mundial após 24 anos. Para isso, o técnico Alejandro Sabella optou por um precavido Enzo Perez na vaga de Di María. E a ordem já está dada: não dar espaços para o trio Robben, Van Persie e Sneijder.
– São jogadores que desequilibram no mano a mano e temos que ter um cuidado especial. É preciso sempre ter os jogadores próximos e agrupados. Temos que ter cuidado para que não peguem velocidade. Assim, será mais difícil de roubar a bola.
Rojo, que cumpriu suspensão diante da Bélgica, volta no lugar de José Basanta. A preocupação em defender é evidente. Até porque, lá na frente há Messi. E quando se fala do camisa 10 Sabella esbanja confiança e não tem dúvidas: se Robben preocupa a Argentina, a dor de cabeça de Van Gaal não é menor.
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– É um grande jogador, muito importante para Holanda, assim como Neymar para o Brasil, Messi para a Argentina. Mas Messi é o melhor de todos.
Renovados, competitivos e com trio decisivo
A Holanda carrega uma mistura de empolgação e pressão para chegar à final. Apesar da renovação que parte do elenco passou, o técnico Louis van Gaal conseguiu montar uma equipe competitiva. As atuações ainda oscilam, como na goleada por 5 a 1 sobre a Espanha e nas dramáticas classificações diante de México, nos minutos finais, e Costa Rica, nos pênaltis.
Por outro lado, os ídolos sofrem com a cobrança para tirar a Holanda da fila. Van Persie, Robben e Sneijder, todos com 30 anos, devem ter no Brasil a última chance de conquistar o Mundial e acabar com o fantasma que cerca os holandeses em decisões. Foram derrotas em 74 para a Alemanha, 78 para a Argentina e em 2010 para a Espanha.
O mistério é grande na escalação. Como de costume, o técnico Louis van Gaal não confirmou a formação inicial. Ele diz ter dúvidas, principalmente no meio de campo. O volante Nigel de Jong, que já havia sido descartado da Copa, se recuperou de uma lesão na virilha direita e treinou com o grupo na terça. Ele será avaliado pelos médicos momentos antes da partida.
– Vamos ver como ele vai reagir – afirmou o treinador.
O centroavante Van Persie e o lateral-direito reserva Janmaat tiveram problemas estomacais na véspera, não participaram da atividade no Pacaembu, mas devem estar à disposição do treinador normalmente.