Cristovam Buarque (*)
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Na terça-feira (13) completamos 45.990 dias de liberdade, a partir do fim da escravidão em 13 de maio de 1888, que durou 150 mil dias. Ao longo desse período, dez milhões de africanos, alguns vindos da África, outros nascidos aqui, sofreram a mais brutal violência.
Em meu livro “Dez Dias de Maio de 1888”, retrato como se deu essa luta pela Lei Áurea naquele período, há 126 anos. A obra pode ser acessada gratuitamente no meu site www.cristovam.org.br. No livro, mostro que a abolição ainda está incompleta, pois ainda convivemos com a pobreza, o analfabetismo e a desigualdade, especialmente na educação de nossas crianças e jovens.
A Lei Áurea não emancipou, assim como 20 anos depois a Bolsa Escola também ainda não emancipa seus beneficiários. Hoje, 126 anos depois, mais do que nunca precisamos de um pacto para fazer uma Segunda Abolição: um pacto que garantisse escola igual para todos, com o filho do empregado na mesma escola do filho do patrão, acabando com a escravidão do século XXI.
Digo no meu referido livro, publicado em 2008, que a desigualdade na educação escraviza os pobres, e a falta de qualidade na educação escraviza o país inteiro, especialmente no cenário global.
Os mais de 45 mil dias de liberdade poderiam ter sido melhores se os ex-presidentes Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva tivessem feito a revolução na educação. A presidenta Dilma Rousseff segue o mesmo rumo dos seus três antecessores.
Porém, a federalização da educação básica está viva, caminhando para a Segunda Abolição.
(*) Professor da UnB e senador pelo PDT/DF