Um das infrações mais frequentes ao tombamento de Brasília é o cercamento dos pilotis de prédios residenciais do Plano Piloto. O assunto rendeu dezenas de ações na Justiça, com o entendimento de que todo tipo de obstrução da passagem representa uma agressão aos termos de preservação urbanística. De uns anos para cá, a moda pegou também no Sudoeste. Além das cercas-vivas altas, que já impedem a livre circulação de pessoas, alguns condomínios instalaram portões. A Administração Regional do Sudoeste e a Agência de Fiscalização (Agefis) não tinham conhecimento do fato, apesar de alguns portões terem sido colocados há mais de cinco anos.
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No Bloco B da Quadra 101, o acesso lateral do prédio é feito por meio de uma porteira de madeira colocada num intervalo da cerca-viva. O síndico, Fabrício Tuon, afirmou que a situação já existia quando ele assumiu a administração do condomínio. Segundo ele, o portão é usado por moradores para acessar a calçada dos fundos do prédio. Ele admitiu que nunca questionou se o portão poderia ou não ser colocado. “Eu nunca cheguei a avaliar a situação”, disse.
A fachada frontal do edifício, que dá para um gramado que divide as quadras 101 e 102, é toda protegida por um cinturão verde sem passagem de entrada para o prédio. Do outro lado do descampado, o Bloco F da Quadra 102 tem um portão de ferro incrustado no arbusto alto. O responsável pelo condomínio, Israel Coelho, afirma que a estrutura está ali há pelo menos 5 anos, mas que não fica trancada.
Segundo ele, a medida foi tomada por uma questão de segurança. “Isso impede que moradores de rua entrem e façam bagunça debaixo do bloco. Eles trazem sujeira, assustam quem mora no prédio. A gente sempre chama a polícia, mas ninguém aparece”, justifica Coelho. Segundo ele, depois que o portão foi colocado, as ocorrências do tipo diminuíram. “Eles ficam do lado externo”, completa. As irregularidades não são exclusivas dos dois blocos. Em todo o Sudoeste, o acesso aos pilotis é restrito de várias maneiras em incontáveis condomínios.