A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), por meio de acordo de cooperação técnica, oficializou parceria com técnicos angolanos. O acordo tem vigência de dois anos e servirá para capacitar centros integrados de recursos pesqueiros e aquicultura que a companhia mantém.
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Além disso, na prática, o novo acordo de cooperação servirá para manter parceria firmada entre os dois países em 2012. Com a cooperação inicial, dez técnicos de Angola receberam, durante seis meses, instruções sobre técnicas de propagação artificial e criação de peixes, conservação ambiental e limnologia no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Betume, em Neópolis (SE).
Com o seguimento da parceira, outros técnicos daquele país – em quantidade ainda a ser definida – serão treinados dentro do mesmo objetivo de capacitação em técnicas de aquicultura e gestão de recursos pesqueiros na área de abrangência da Codevasf, nas instalações de qualquer um dos sete Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura operados da Companhia.
“Estamos satisfeitos em dar continuidade a esta parceria, ampliando a capacitação dos angolanos e envolvendo desta vez os demais Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf. É muito salutar essa troca de experiências e conhecimentos. Além disso, esse acordo abre também a possibilidade de estender a parceria com a Angola para outras áreas”, explicou Elmo Vaz durante a assinatura do acordo.
Além do presidente da Codevasf, participaram da celebração do acordo o diretor da Área de Gestão de Empreendimentos de Irrigação da Codevasf, Solon Braga Filho; a gerente de Desenvolvimento Territorial, Izabel Aragão; e o chefe da Unidade de Recursos Pesqueiros e Aquicultura, Leonardo Sampaio. Estiveram presentes também os representantes da Embaixada da República de Angola, João de Paula Ventura Neto, Paulo Mateta e Jerónimo Fernando.
Expectativas e resultados
Com a parceria, explicou o embaixador angolano Nelson Manuel Cosme, Angola aposta no fortalecimento do uso dos recursos hídricos para produção aquícola, bem como no intercâmbio de conhecimento e incremento de tecnologias para produção de peixes em ambos os países. “Essa parceria com a Codevasf responde a uma preocupação do setor da pesca artesanal, um reforço da capacidade institucional e no domínio da formação dos nossos quadros”, disse o embaixador.
Sobre a assinatura do novo acordo, ele se mostrou entusiasmado com a parceria, reforçando os benefícios para o seu país. “Estamos preparando para essa segunda fase um reforço da capacitação, trazendo mais técnicos angolanos para o Brasil, os quais irão contribuir para um programa que é muito importante para o governo angolano voltado para a sustentabilidade, combate a pobreza e novas alternativas de alimentação em todas as partes do interior do país”, afirmou.
Os técnicos angolanos que participaram da capacitação no âmbito do primeiro acordo com a Codevasf estão hoje atuando em dois centros de recursos pesqueiros recentemente construídos pelo IDPAA (Instituto de Desenvolvimento da Pesca Artesanal e da Aquicultura de Angola), localizados nas províncias de Malanje e Benguela. O órgão também planeja construir um terceiro centro pesqueiro na província de Cabinda. As espécies que deverão ser produzidas inicialmente são a tilápia e o bagre, com a proposta de unir a agricultura à produção de peixes.
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Os técnicos angolanos capacitados pela Codevasf serão responsáveis também por prestar assistência técnica e imprimir caráter comercial à pesca em Angola, atividade desenvolvida no país africano em nível de subsistência na zona oceânica. Essas ações ajudarão a aquecer a economia nacional, que ainda luta para superar os efeitos da guerra civil que afligiu o país até 2002. A criação de peixes e a pesca comercial ajudarão a diversificar a economia primária, cuja principal atividade é a criação de gado.
Incentivo à aquicultura
A Codevasf opera e mantém hoje sete Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura, sendo dois em Minas Gerais (Três Marias e Gorutuba) e na Bahia (Ceraíma e Xique-Xique), e um nos estados de Pernambuco (Bebedouro), Sergipe (Betume) e Alagoas (Itiúba). Além disso, a empresa participa da implantação de um Centro de Referência em Pesca e Aquicultura localizado em Parnaíba, no Piauí.
Esses centros são resultado da estruturação das antigas estações de piscicultura da Codevasf, executados por meio dos recursos do Programa de Revitalização das Bacias Hidrográficas, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Eles foram concebidos para servir de base para ações focadas no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias de reprodução, larvicultura e alevinagem de espécies de peixes nativas, como também de pesquisa e monitoramento da qualidade da água da bacia do São Francisco, produção de alevinos para o repovoamento de seus mananciais, fiscalização, educação ambiental, capacitação e gestão integrada dos recursos pesqueiros da bacia.
A infraestrutura básica dos centros é composta de laboratórios de limnologia (estudo das águas) e ictiologia (estudo dos peixes e reprodução artificial de peixes); viveiros para produção de alevinos; viveiros para reprodutores e matrizes, além de escritórios e depósitos. Juntas, essas unidades têm capacidade para produzir 23 milhões de alevinos por ano. Para operação e manutenção dos centros, foram investidos, no ano passado, recursos da ordem de R$ 2,9 milhões.
As atividades de pesquisa são destaque nos centros integrados, resultando em 1,2 mil publicações científicas. Foi nessas unidades onde se obteve, pela primeira vez no país, a reprodução artificial de 35 espécies nativas da bacia hidrográfica do São Francisco, como surubim, matrinxã e pirá. A unidade de Três Marias (MG), por exemplo, desenvolve essa atividade desde o final da década de 70 e, desde então, é referência internacional em estudos com espécies nativas do Velho Chico.