O governo federal está aumentando em 5 mil vagas a capacidade dos serviços de acolhimento ao imigrante em todo o país. A informação foi divulgada na noite de ontem (22) por nota do Ministério da Justiça. Entre 400 e 500 imigrantes haitianos chegaram à capital paulista na última semana, segundo estimativa da prefeitura. O aumento do fluxo de pessoas aconteceu após o fechamento dos serviços que faziam atendimento a esses estrangeiros no Acre.
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“Ocorre que o estado do Acre passa por uma calamidade decorrente de uma enchente histórica, que afetou as condições de recepção aos imigrantes haitianos, impossibilitando o seu trânsito voluntário e o fluxo regular e gradativo ao restante do país”, explica o comunicado do ministério. Devido aos problemas, o Acre está temporariamente “facilitando” o deslocamento dos imigrantes para outros estados.
Com o aumento do número de haitianos, a Igreja Nossa Senhora da Paz, que atende desde 1939 a imigrantes que chegam à capital paulista, enfrenta dificuldades para fazer o acolhimento. “Faz oito ou nove dias que eles estão chegando, desde que foi desativado o abrigo lá do Acre. A Secretaria de Direitos Humanos do Acre pensou então em transferi-los para São Paulo para que, daqui, eles possam ir para outros lugares do Brasil. Mas, de fato, quase dois terços [dos imigrantes] ficaram em São Paulo, em situação precária, sem dinheiro para continuar”, ressaltou o padre Paolo Parise, do Centro de Estudos Migratórios (CEM).
Parise disse, em entrevista à Agência Brasil, que nos últimos dias passaram quase 400 imigrantes pela igreja. O número praticamente dobrou em relação ao que era rotina no local. “Chegamos a abrigar 94 pessoas por noite, além da Casa do Migrante, que também acolhe 110 pessoas por noite”, falou.
“O que está acontecendo aqui nos últimos dias é excepcional. Um grande número de imigrantes que, por falta de articulação maior entre os governos, acabou chegando aqui, e nós temos que encontrar respostas para isso. Fazemos nossa parte, mas quem deveria dar as respostas é o Poder Público”, avaliou o padre Antenor Dalla Vecchia. “Nossa infraestrutura é muito precária para esse tipo de atendimento. É um salão, onde há alguns banheiros, sem chuveiro”, acrescentou.
Segundo a prefeitura paulistana, não há, na cidade, centros públicos de atendimento a imigrantes como o que funcionava em Brasileia (AC). A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania disse ainda que foi pega de surpresa, já que o governo do Acre não comunicou a nenhum ente da Federação sobre a decisão de fechar o abrigo. Por causa dessa situação, hoje ocorreu uma reunião emergencial, envolvendo várias secretarias municipais paulistanas (Saúde, Direitos Humanos, Trabalho e Assistência Social), e amanhã haverá nova reunião para a elaboração de um plano emergencial para resolver o problema.