Recentes propostas de mudança na Universidade Católica de Brasília abrem espaço para outras faculdades
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Gustavo Goes
Com preços altíssimos e piora nas condições dos estudantes, a Universidade Católica de Brasília (UCB), em Taguatinga, está perdendo alunos para outras instituições de ensino superior. Nos últimos dois meses, os alunos passaram a protestar contra a mudança nos currículos, culminando com uma manifestação de 1.500 estudantes que fecharam os dois sentidos do Pistão Sul.
Segundo o Diretório Acadêmico, a reestruturação prejudica grande parte dos alunos e professores.A diferença de mensalidades chega a ser maior que o dobro de outras instituições concorrentes. Usando os cursos de Administração e Ciências Contábeis como parâmetro, fica nítida a diferença. Enquanto a UCB oferece o curso de Administração por R$ 1.090 e de Ciências Contábeis a R$ 1004 por mês, o UniCEUB, seu principal concorrente, oferta uma mensalidade de R$ 589 para os dois cursos. Já a Facitec oferece o curso de Administração por R$ 679 e de Ciências Contábeis por R$ 615, e a Faculdade Projeção por R$ 498 e R$ 586, respectivamente.
“Para continuar aqui (depois da implantação das reformas), terei que largar meu trabalho, por não ter como conciliar o horário com a grade fechada. E sem o emprego não tenho condições de pagar os R$ 1,9 mil que pago de mensalidade”, desabafou Hugo Villela, estudante de Engenharia Civil da Católica.
Manifestação
A mobilização de estudantes da UCB ganhou as ruas de Taguatinga e causou grande alvoroço e bloqueio dos dois sentidos do Pistão Sul, na manhã de quarta-feira (9), durante três horas. Apesar de a manifestação ser pacífica, policiais militares usaram spray de pimenta para controlar situação.
Essa não foi a primeira manifestação organizada pelos alunos da universidade. Na quinta-feira (3), foi comunicado aos estudantes que haveria uma palestra esclarecedora sobre as reformas que a instituição promoveria. Porém as explicações não foram bem aceitas pelos estudantes, que se revoltaram.
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“Na semana passada, a Reitoria convocou todos para uma palestra. Mas o reitor não compareceu, alegando outros compromissos. Que reitor é esse que tem assuntos mais importantes a tratar em um momento tão crítico da Universidade?”, protestou Rodrigo Araújo, estudante de Biomedicina.
Reestruturação
A União Brasiliense de Educação e Cultura (UBEC) é mantenedora da UCB e de outras duas universidades do país – a UNILESTE e a Católica de Tocantins. E a proposta é de integração de todas suas instituições. Com isso, a proposta da Rede UBEC, é de modernização e atualização das metodologias de ensino.
“Todas as propostas chegaram de uma vez só. Isto causou insegurança, tanto por parte dos alunos quanto dos professores. Seria necessário mais tempo. A instituição poderia ter reunido os corpos docente e discente para debater e analisar as propostas”, sugeriu a professora da UCB, Vanildes Gonçalves dos Santos.
O que muda
Entre as mudanças anunciadas pela direção da UCB para entrar em vigor no segundo semestre deste ano estão a antecipação horário de início das aulas de 8h para 9h, no matutino, e de 19h20 para 19h, no noturno. O tempo de duração das aulas será encurtado para 2h30. Hoje é de 3h15. O período de férias também será encurtado, com aumento do ano letivo, para compensar a diminuição dos horários. Todas as grades serão fechadas. Assim, estudantes que queiram antecipar ou retardar o curso não poderão fazê-lo; “A grade aberta é uma alternativa para quem precisa pagar menos pelo curso”, disse Danilo Coelho, estudante de Direito.
A UCB ainda quer impor que 20% das aulas sejam virtuais e não haveria mais aulas aos sábados. Mesmo assim, o preço das mensalidades será mantido.
Os alunos, que entraram com representações no Ministério Público Distrito Federal e na Defensoria Pública do DF, da UCB marcaram uma assembléia para a próxima terça-feira (15) para discutir as propostas da Reitoria. Resta saber se a UBEC optará por uma negociação que mantenha seus alunos ou se insistirá na reforma que engrossará as listas de chamada do UniCEUB.