Basta! A população não suporta mais ser o marisco na briga da maré contra o rochedo. Enquanto as forças de segurança pública do Distrito Federal – uma das mais bem pagas do País – fingem que trabalham, e as autoridades se preocupam apenas em fazer política, as pessoas estão morrendo. O crime bate à porta e destrói famílias. Ninguém suporta mais isto.
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Águas Claras assistiu, estupefata, na noite de quarta-feira (29), o assassinato do jovem Leonardo Almeida, 29 anos. Eram 22h30 quando ele estacionou o carro em frente ao edifício Real Flat, onde morava com a mãe, na Rua 34, perpendicular à Avenida Castanheiras.
Abordado por dois bandidos, que, aparentemente, queriam levar sua picape Saveiro branca, ele foi atingido com um tiro no pescoço. Seu corpo ficou estendido no meio da rua, como mais um troféu para os policiais que, à guisa de reivindicações salariais, há três meses mantêm uma inaceitável “operação tartaruga”, deixando o caminho livre para as ações dos marginais.
Leonardo foi a 73 vítima de assassinato no DF este ano – uma média de 2,35 por dia. Desde o início da semana passada, o jornal Correio Braziliense denuncia a politização da Polícia Militar. Catorze associações querem representar os 15mil praças e 4mil oficiais, inclusive aqueles que já se aposentaram. E radicalizam nos discursos e nas ações.
Via redes sociais, escondidos por trás de pseudônimos, esses covardes que se dizem policiais comemoram cada crime, cada morte. Especialmente quando elas ocorrem em áreas mais nobres, como as Asas Sul e Norte, os Lagos e até Águas Claras, uma cidade de classe média.
Insuflando tal comportamento, de olho nas urnas de outubro e nos votos dos PMs e de suas famílias – um universo de mais de 90 mil eleitores – estão candidatos a cargos eletivos na Câmara Legislativa e no Congresso Nacional. A lista o próprio CB publicou na quinta-feira (30): Patrício (PT), Alberto Fraga (DEM), João de Deus (PRTB), o secretário de segurança, Sandro Avelar (PMDB), Milton Barbosa (PSD) e os distritais Dr. Michel (PP), Cláudio Abrantes (PT), Wellington Luiz (PMDB) e Alírio Neto (PEN), além de outros que ainda devem se apresentar até junho.
Cansada de pagar impostos caríssimos e receber em troca tiros, ameaças de bandidos, medo de andar nas ruas e até de ficar em casa, a sociedade começa a reagir. Lojas que funcionam 24 horas admitem baixar as portas às 22h e só abrir às 8h da manhã seguinte. A Associação Comercial (ACDF) pretende mobilizar os lojistas para uma paralisação de 24 horas. E a OAB-DF pode entrar com uma ação para responsabilizar o governador Agnelo Queiroz por prevaricação.
Em Águas Claras, uma manifestação, marcada para a manhã de sábado (1º) quer mobilizar os moradores para exigir mais segurança. “Protestamos contra a violência. Estamos cansados de ver pessoas morrendo e as autoridades não tomarem qualquer providência”, explica o diretor da Associação de Moradores da cidade, José Júlio de Oliveira.
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Orlando Pontes