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Bandidos enviam carta prometendo descontos de até 60% em dívidas
Na quinta-feira (9), Luiz Alberto (nome fictício) recebeu em sua casa, no Guará, uma correspondência com a palavra “urgente”, em letras garrafais. Assustado, abriu. Era uma cobrança. Luiz tomou um empréstimo junto ao banco Santander, em 2012. Porém, por conta de um erro no cálculo dos juros, parou de pagar e foi à Justiça pedir que a dívida fosse recalculada. E a tal carta parecia resolver os problemas de Luiz Alberto. Nela, havia um desconto de quase 60% em sua dívida – de R$ 11.577,88 para R$ 5.492,99. E mais: poderia ser pago em onze ou até trinta e cinco vezes.
A esmola foi demais. E Luiz desconfiou. Então, decidiu procurar mais informações sobre a correspondência. De cara, percebeu que onde havia lido “telegrama” na verdade estava escrito “telechama”. Em vez de branco ou azul, como de costume nos Correios, a carta era de cor alaranjada. A empresa que fazia a cobrança em nome do banco, Orcozol, existe. Mas os contatos fornecidos pela carta eram totalmente diferentes daqueles que o site (www.orcozol.com.br) apresenta aos seus usuários. Por fim, os telefones também eram diferentes. No lugar do oficial 0800 774 3774 que aparece no site, a carta trazia o 0800 779 1243. “Resta saber como conseguiram todos os meus dados e quem entregou a casa em minha residência”, indaga Luiz.
Desta vez os bandidos erraram. Ligamos para os números fornecidos pela carta e fomos atendidos como se realmente estivéssemos falando com a Orcozol. Os operadores de telemarketing só se enrolam quando perguntamos o por quê dos erros de contato e do “telechama”. E justificam “deve ter tido algum erro nos Correios”. Questionamos ainda, como o Santander não sabia nada do desconto. “O desconto é dado pela própria Orcozol, assim que for paga a primeira parcela, o banco será comunicado”.
Luiz foi um exemplo bem sucedido. Deram azar de encontrar uma pessoa bem informada, o que nem sempre acontece. A Divisão de Falsificações e Defraudações da Polícia Civil do DF informou que não há registros desse tipo de golpe na Divisão e que desconhece a fraude.
Além de golpes mais antigos, como o do bilhete premiado, os bandidos têm inovado a cada dia. Vendem propriedades que não lhes pertencem, simulam sequestros por telefone e mandam e-mails fraudulentos. O crime de estelionato pode dar de um a cinco anos de reclusão e ainda obrigar o réu a pagar multa.
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“Tornou-se um crime comum porque, normalmente, acarreta apenas em penas brandas e multas baixas”, afirma o advogado criminal André Martins. Saiba mais em “o que diz a lei”.
Gabriel Pontes
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O que diz a lei?
Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa