Nathália Guimarães
Durante a Idade Média, dos séculos XII a XV, surgiram os primeiros registros poéticos da Língua Portuguesa. Cantigas e novelas de cavalaria foram as principais produções daquele período, conhecido como Trovadorismo. Depois, foram surgindo novos movimentos literários, como o Classicismo, o Barroco, o Romantismo e a Literatura Contemporânea.
O advento da Internet, tornou leitores em criadores de conteúdos e uma nova comunidade ganhou força nas redes sociais: os BookStans. O termo junta a palavra “book” com “stan”, e se refere aos superfãs de livros.
A redatora Julia Vianna, 33 anos, explica que o BookStans refere-se a pessoas ativas nas redes sociais, que amam ler e interagir sobre livros. Ela, que conheceu a literatura ainda criança, por meio dos pais que apresentaram os contos de fadas, hoje pega indicações de novas histórias no X, TikTok e Youtube.
“Pego mais dicas do que deveria. É bem fácil, além de eu ter encontrado pessoas nessas plataformas cujo gosto literário combina com o meu”, afirma ela, que tem como livros favoritos os clássicos modernos de ficção, como “O retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, e “Um teto todo seu” e “Orlando”, de Virginia Woolf.
“Não sei explicar porque gosto de ler. Às vezes é por entretenimento, às vezes porque sinto que abre minha mente de maneiras inusitadas, e outras vezes é apenas o hábito que me conforta”, completa.
Arte: Nathália Guimarães
CLUBE – A BookTuber Beatriz Paludetto, 29, relembra que começou a falar de livros no Youtube há nove anos, quando era estudante de Jornalismo. “Na época, eu queria criar um blog. Mas depois de fazer estágio em um programa de televisão, vi que as respostas do público eram bem legais. Eu gostava de falar na Internet, e gravar vídeos sobre livros foi acontecendo naturalmente. Não imaginava que as pessoas iriam gostar tanto. Mas gostaram, e hoje parte da minha renda vem desse trabalho”, explica.
Apesar de ter concluído o curso de Jornalismo, hoje, Beatriz produz conteúdos literários para plataformas além do Youtube, como Instagram e TikTok. Ela soma 523 mil seguidores nas três redes. Além disso, tem seu próprio clube de membros, pensado exclusivamente para assinantes que gostam de interagir.
“É uma forma das pessoas apoiarem meu canal do Youtube. Eu gravo conteúdos extras para as pessoas que gostam, a gente tem um grupo no Telegram e também o clube do livro. É bem legal, gosto bastante e conheci pessoas incríveis”, afirma.Beatriz Paludetto: “O mais importante é buscar um gênero que você já tenha interesse, escolher entre histórias que vão te fazer rir ou chorar.” Foto: Reprodução/Instagram
A BookTuber explica que desde outubro de 2020, os integrantes sugerem livros para o clube, e uma vez por mês um é selecionado para uma discussão literária, realizada pela plataforma Google Meet. A data dos encontros varia e é decidida de acordo com a disponibilidade dos assinantes.
“O avesso da pele”, de Jeferson Tenório, “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll e “O morro dos ventos uivantes”, de Emily Brontë, são obras que já foram pautas do clube do livro.
DICAS – Beatriz ainda reuniu algumas dicas para os leitores do Brasília Capital. Para ela, o mais importante é buscar um gênero que você já tenha interesse, escolher entre histórias que vão te fazer rir ou chorar, ou até procurar coisas que você já conheça, mas queira saber mais, como realidades diferentes da sua.
“Para quem está começando a ler, ou até quem já lê bastante, acho que é importante o que você gostar. A leitura é um meio para você absorver um conteúdo. Então, através disso, você pode aprender e intensificar os estudos. Mas também pode tirar prazer e lazer. Então, a dica principal é buscar o que te interessa”, completa.
Para conhecer o canal da Beatriz, clique aqui.
SEGUIDORA – Quem segue as dicas de Beatriz é a estudante Ellen Paula, 26, que pega indicações de livros de fantasia e romance, seus gêneros favoritos. “Se tiver os dois no mesmo livro, melhor ainda. Eu gosto de me imaginar vivendo as histórias do livro, principalmente com seres folclóricos em lugares mágicos. É a melhor fonte para a minha imaginação”, explica.
Ela relembra que começou a ler com gibis da Turma da Mônica e livros infanto-juvenis da biblioteca da escola. Hoje, se considera uma BookStan e está perto de construir a estante dos sonhos. Para enchê-la, pega indicações de livros na Internet, principalmente no TikTok e Instagram. “Não é só uma dica, é um review (resenha), uma opinião, um resumo ou uma parte da história. E é isso que desperta meu interesse”, completa.Ellen Paula: “Eu gosto de me imaginar vivendo as histórias do livro, principalmente com seres folclóricos em lugares mágicos.” Foto: Nathália Guimarães
A gerente de Marketing da editora Intrínseca, Vanessa Oliveira, é uma das pessoas que apoia a comunidade BookStan. De acordo com ela, existe o Time da Intrínseca, que mantém um relacionamento próximo com cerca de 130 parceiros da área.
“Acreditamos muito no trabalho dos influenciadores na divulgação dos livros, e com certeza eles são aliados importantíssimos do nosso trabalho. Eles recebem nossos livros e materiais de divulgação ao longo do ano”, explica.
Ela também informa que a editora publica livros para os mais diversos públicos, e uma das marcas da editora é manter um relacionamento com esses diferentes leitores nas redes sociais.
“Dialogamos com o fã de romances jovens, leitores de hot, estudantes de áreas específicas e interessados pelos diversos gêneros. A recepção varia com o título. O leitor de cada gênero interage de formas diferentes.”
Além disso, Vanessa afirma que o Brasil é um país que poderia ter muito mais leitores do que tem hoje. Segundo a última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2024 pelo Instituto Pró-Livro, o brasileiro lê, em média, um livro inteiro por ano. Apesar disso, a gerente explica que a Intrínseca trabalha todos os dias para conquistar novos leitores.
“Trabalhar com livros no Brasil, hoje, significa criar todos os dias novas maneiras de formar um novo leitor. E isso é, em partes iguais, desafiador e encantador. Fora os novos leitores, é também muito gratificante trabalhar com os muitos leitores que já temos hoje. Um público diverso, engajado e que se renova todos”, completa.
Saiba +
Os dados da última Bienal do Livro, realizada no Rio de Janeiro em junho deste ano, provam que o trabalho para conquistar novos leitores vale a pena. Segundo a organização, o evento bateu recorde e se tornou a maior desde a sua criação, em 1983. Foram 740 mil visitantes, 23% mais do que o registrado em 2023 (600 mil pessoas). Foram vendidos 6,8 milhões de exemplares, também 23% a mais do que no ano retrasado.Fonte: Bienal do Livro Rio 2025. Arte: Nathália Guimarães
