Tersandro Vilela (*)
A incorporação da inteligência artificial ao cotidiano corporativo deixou de ser uma discussão futurista e se tornou uma demanda concreta de carreira. Levantamento da Conquer in Company, que ouviu 800 profissionais de RH e Treinamento e Desenvolvimento, mostra que o domínio de ferramentas como ChatGPT e Gemini deve ocupar, já em 2026, a segunda posição entre as competências mais valorizadas nas empresas, atrás apenas de liderança e gestão de pessoas.
Os dados reforçam uma mudança estrutural: a IA passa a ser tratada não como um recurso de apoio, mas como uma tecnologia central para desempenho, tomada de decisão e aprendizagem contínua. Segundo Giovana Chimentão, diretora de Educação da Conquer, a pressão por atualização não é mais opcional dentro das empresas.
“Em meio a demandas que envolvem engenharia de prompt, agentes diversos e novas ferramentas que surgem a cada dia, as empresas estão percebendo a importância de preparar pessoas capazes de usar essas tecnologias com criatividade e propósito”, afirma.
FRAGILIDADES – O O estudo aponta que Inteligência Artificial será a habilidade digital mais desenvolvida pelas organizações no próximo ano. Quase metade dos entrevistados afirma que suas empresas já utilizam IA em iniciativas de desenvolvimento, sobretudo em personalização de trilhas de aprendizagem.
Apesar disso, o levantamento revela fragilidades. Apenas 11,8% das empresas recorrem a dados de negócio para identificar lacunas de habilidades, e 46% relatam que o aprendizado adquirido em treinamentos raramente se converte em prática.
A falta de engajamento também preocupa: 45% dos profissionais dizem que, anualmente, ao menos dois treinamentos são cancelados por baixa adesão. O cenário indica que o desafio não está apenas em capacitar trabalhadores para operar ferramentas de IA, mas em construir uma cultura de aprendizagem contínua, algo que muitas organizações ainda não conseguiram estruturar.
À medida que a integração entre tecnologia e formação avança, o diferencial tende a se deslocar do uso instrumental da IA para a capacidade de interpretar, decidir e liderar em ambientes mediados por algoritmos.
(*) Jornalista pós-graduado em Filosofia, especialista em Liderança: gestão, resultados e engajamento e mestrando em Inovação, Comunicação e Economia Criativa