Caroline Romeiro (*)
Raiane Oliveira de Araújo (**)
Celebrado em 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes é um convite à conscientização sobre uma das doenças crônicas mais comuns no mundo. Só no Brasil, estima-se que mais de 16 milhões de pessoas convivam com o diagnóstico, e muitas outras sequer sabem que têm a condição.
Apesar dos avanços no tratamento e no acesso à informação, o diabetes ainda é cercado por mitos que dificultam o controle e atrasam o cuidado. Um dos mais comuns é a ideia de que “diabetes é causado apenas pelo excesso de açúcar”.
Embora o consumo elevado de açúcares simples contribua para o desequilíbrio metabólico, a doença tem origem multifatorial, envolvendo predisposição genética, estilo de vida, sedentarismo e alimentação inadequada como um todo. Assim, reduzir apenas o açúcar não é suficiente. É preciso repensar a dieta de forma equilibrada e sustentável.
Outro mito frequente é acreditar que quem está com o peso normal não pode ter diabetes. O diabetes tipo 2, mais comum, é, de fato, mais prevalente em pessoas com excesso de peso. Mas também pode ocorrer em indivíduos magros, especialmente quando há histórico familiar, má alimentação ou resistência à insulina.
Já o diabetes tipo 1, que geralmente surge na infância e adolescência, é uma condição autoimune, e independe do peso corporal.
Mudanças no estilo de vida, alimentação equilibrada, atividade física regular e uso correto da medicação são pilares do tratamento. Em alguns casos, a perda de peso e o restabelecimento da sensibilidade à insulina podem levar à remissão do diabetes tipo 2, mas isso não significa que a doença desapareceu.
O segredo está no equilíbrio e na orientação profissional. Com planejamento e monitoramento, é possível incluir pequenas porções de alimentos com açúcar em ocasiões específicas, respeitando o controle glicêmico individual. Substituir alimentos ultraprocessados por frutas, grãos integrais e refeições caseiras faz toda a diferença no longo prazo.
Também é importante desmistificar a ideia de que o tratamento é apenas médico. O cuidado com o diabetes é multiprofissional . Envolve nutricionistas, educadores físicos, enfermeiros e psicólogos, cada um contribuindo para o controle da glicemia e a adesão ao tratamento.
O nutricionista, em especial, tem papel essencial ao ajustar o plano alimentar, orientar o uso correto dos carboidratos e ajudar o paciente a compreender sua própria resposta à alimentação.
Mais do que falar sobre restrições, o Dia Mundial do Diabetes lembra que informação é liberdade. Conhecer a doença, entender o corpo e adotar hábitos realistas e sustentáveis é o caminho mais seguro para evitar complicações e viver bem.
Entre mitos e verdades, a ciência continua sendo a melhor aliada e o acompanhamento profissional, a ponte entre o saber e o cuidado.
(*) Mestre em Nutrição Humana, Coordenadora Técnica de Nutrição do Conselho Federal de Nutrição e Docente do Curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília (UCB)
(**) Estudante do 8º semestre da UCB