Caroline Romeiro (*)
Raiane Oliveira de Araújo (*)
Comer bem é um desafio cada vez maior. As frutas, verduras e legumes subiram de preço nos últimos meses, e muita gente se pergunta como manter uma alimentação equilibrada sem comprometer o orçamento. Mas, mesmo com os aumentos, é possível preservar a qualidade da alimentação com escolhas inteligentes, planejamento e criatividade na cozinha.
Uma das primeiras estratégias é apostar nos alimentos da estação. Frutas e hortaliças da safra são naturalmente mais baratas, têm mais sabor e chegam mais frescas à mesa. No lugar de insistir sempre nas mesmas opções, vale adaptar o cardápio: a abóbora substitui o chuchu, a melancia entra no lugar da maçã e o milho fresco pode render refeições completas.
Valorizar o que é regional e da época é também uma forma de cuidar da economia e do meio ambiente. Outra maneira de economizar é aproveitar os alimentos por inteiro. Talos, folhas e cascas que costumam ser descartados são ricos em fibras, vitaminas e minerais.
A casca de batata pode virar chips crocantes; a de banana, um doce nutritivo; e as folhas de beterraba podem ser refogadas como couve. Pequenas mudanças de hábito fazem diferença tanto na nutrição quanto na redução do desperdício.
Os alimentos básicos continuam sendo grandes aliados. Arroz, feijão, ovos e leguminosas formam uma combinação acessível e completa, fornecendo proteínas, ferro e energia de qualidade. O segredo está em variar o preparo e equilibrar o prato com o que se tem disponível.
Mesmo em tempos de preços altos, é possível montar refeições coloridas e nutritivas sem recorrer a produtos ultraprocessados, que parecem baratos, mas cobram caro à saúde.
O planejamento também é uma ferramenta poderosa. Fazer lista de compras, definir cardápios da semana e preparar porções antecipadas ajuda a evitar desperdícios e compras por impulso que costumam pesar mais no bolso.
No mercado, compare preços, aproveite promoções de feiras e armazene bem os alimentos para que durem mais. E quando o espaço permitir, cultivar é uma alternativa concreta. Uma pequena horta com temperos, alface ou cebolinha pode reduzir gastos e trazer um novo vínculo com o que se consome.
Muitas cidades já apoiam hortas comunitárias e programas de agricultura urbana que aproximam o alimento fresco das famílias. Comer de forma saudável não precisa ser caro. Precisa ser possível. Valorizar o simples, aproveitar o que a terra oferece e planejar melhor as escolhas diárias são formas reais de resistir ao aumento dos preços sem abrir mão da saúde.
No fim das contas, a boa alimentação é feita de equilíbrio, consciência e cuidado dentro e fora do prato.
(*) Coordenadora Técnica de Nutrição do Conselho Federal de Nutrição e docente do curso de Nutrição da Universidade Católica de Brasília (UCB)
(**) Estudante do 8º semestre de Nutrição da UCB