Ana Mendonça, Davi Moisés e Isadora Carmona (*)
No domingo (21), é celebrado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A data simbólica da busca por visibilidade, inclusão e respeito, ganha expressão nas piscinas do Distrito Federal, onde duas jovens atletas com síndrome de Down têm se destacado na natação. Giovana Lacerda, 18 anos, e Priscila Pontual, 14, conciliam treinos intensos para atingir o sonho de representar o Brasil em grandes competições.
De 26 a 28 de setembro, as duas nadadoras do clube Nauru DF, vinculado à Associação Brasiliense de Acolhimento e Responsabilidade Social (Abrasrs), representam o DF na Copa Brasil de Natação Down, um dos principais eventos promovidos pela Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (CBDI). A competição acontece no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro (CTPB), em São Paulo.
Para Priscila, atual recordista dos 100 metros livres pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), o campeonato serve como preparação para a Paralimpíada Escolar, no fim deste ano, e para o Campeonato Mundial de 2026. Já Giovana, em sua segunda experiência competitiva, encara a Copa como um marco em seu currículo esportivo e como etapa preparatória para uma nova disputa em novembro.
A preparação para a Copa é custosa. A nadadora Giovana disputará provas de 50, 100 e 200m livre, além de 50m costas. Já Priscila atua nos 50, 100 e 200m livre, e 100m costas. Ambas competem na classe S21, específica para atletas com Síndrome de Down. A participação na competição representa um avanço importante na trajetória das atletas, que, apesar de terem iniciado recentemente a rotina de competições, já miram desafios maiores.
“Na minha primeira competição eu estava ansiosa. Como esta é a segunda, estou mais tranquila. Também estou muito animada para competir com a Priscila, somos amigas bem próximas”, conta Giovana, com entusiasmo.
Treinador vê empolgação
O treinador das atletas, Marcus Lima, destaca que ambas estão animadas, especialmente por competirem juntas. “Diferente de um campeonato voltado para pessoas com deficiência intelectual, que reúne atletas com diferentes tipos de comprometimento cognitivo, esta competição é exclusivamente dedicada à síndrome de Down. É um momento pensado para elas, o que gera uma expectativa maior e as deixam ainda mais empolgadas”, afirma o técnico. 
Marcus Lima: “Esta competição é exclusivamente dedicada à síndrome de Down. É um momento pensado para elas, o que gera uma expectativa maior.” Foto: Isadora Carmona/Ascom Naurú.
SUPORTE – Sabrina Pontual, mãe de Priscila, relembra com orgulho os primeiros passos da filha na natação – que começaram bem cedo, aos 7 meses de idade. Aos 8 anos, ela já apresentava uma técnica mais avançada do que a maioria das crianças da sua idade. Entretanto, mesmo com o desempenho evidente, a menina era subestimada por professores, que a colocavam em termas com crianças menores, com base na deficiência, e não em suas habilidades.
Desde que chegou no time de Nauru, há dois anos, Priscila treina em regime de alto rendimento, com uma rotina intensa de ao menos quatro horas diárias de dedicação. Além disso, a preparação é complementada com treinos de força na academia e acompanhamentos com psicopedagoga e fonoaudióloga – cuidados que contribuem não apenas para o desempenho esportivo, mas também para o desenvolvimento integral, físico e emocional da jovem.
Segundo Sabrina, a dedicação da atleta ao esporte é tão profunda que toda a rotina, relações e planos familiares giram em torno disso. “É muito tempo dedicado. Toda a vida dela é voltada para isso aqui. O que a gente faz é pensando na natação. Até os amigos passam a ser isso”, resume a mãe.
APOIO E INCENTIVO – Giovana também iniciou na natação ainda nos primeiros anos de vida, influenciada por uma família que sempre valorizou o esporte. Com o sonho dos filhos de seguirem carreira esportiva, a família se mudou de Palmas para Brasília, em busca de melhores oportunidades. Apesar de ter dedicado mais da metade de sua vida à natação, foi apenas ao integrar o time Nauru, sob orientação do treinador Marcus, que a garota decidiu atuar com alto rendimento.
A mãe da atleta, Cristiane Lacerda, conta que recebeu com tranquilidade a decisão da filha de competir. “Eu não tive medo. Acho que podem ocorrer frustrações com as derrotas, mas tudo é aprendizado. É isso que a gente sempre tenta ensinar para ela”, relata.
(*) Alunos da matéria de Assessoria de Imprensa do Ceub
