Se você foi atraído pelo título acima, perdoe-me. Eu precisei chamar sua atenção, mesmo que fosse pelo ódio (ou amor) ao presidente da República. Prometo voltar no assunto principal rapidamente.
Um ditado brasileiro, que virou música na voz de Bezerra da Silva, diz muito sobre representatividade popular: “Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro”. O verso poderia ser substituído por um quase-ditado repetido a cada período eleitoral: “mulher vota em mulher”.
A frase pode ter diferentes aplicações, a depender do candidato, como, por exemplo “professor vota em professor”. Portanto, na ausência de um sindicato que defenda os interesses dos profissionais de marketing político, uso este espaço para fazê-lo.
Em 17 de julho, Lula vetou, integralmente, o Projeto de Lei Complementar que aumentava o número de deputados federais de 513 para 531. O texto, de autoria da deputada Dani Cunha (União-RJ), foi aprovado no Senado no final de junho.
Seria uma vingança à filha do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, responsável pela cassação de sua companheira correligionária Dilma Rousseff?
Certamente não.
Um pouco antes, em maio, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que põe fim à reeleição dos mandatos de presidente, governadores e prefeitos; torna os mandatos no Legislativo de cinco anos; e unifica as datas de todas as eleições — municipais, estaduais e federais (ou seja, todas deverão acontecer juntas).
Ainda em 2017, uma Emenda Constitucional criou a chamada cláusula de barreira. Nas eleições do ano seguinte, ela fez com que 14 dos 35 partidos políticos registrados no Brasil ficassem sem acesso ao Fundo Partidário e à Propaganda Eleitoral Gratuita. Ou seja, inviabilizou a existência dessas agremiações. O resultado disso é um número muito menor de partidos no País, além das fusões e incorporações partidárias.
Por isso, como profissional que atua na comunicação política, sem representação sindical, presto todo meu apoio ao projeto de Dani Cunha.
Repudio, veementemente, o veto do presidente Lula ao aumento do número de deputados, bem como peço a revogação imediata da cláusula de barreira. Ainda que provoque aumento do custo da máquina pública.
Afinal, como diz Bezerra da Silva: ”Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro”, e “malandro é malandro, mané é mané”.