Kleber Santos (*)
O Partido dos Trabalhadores tem, historicamente, uma responsabilidade singular com o povo brasileiro. No Distrito Federal, essa responsabilidade se renova e se reinventa a cada ciclo político. À medida que nos aproximamos de um período decisivo para o Brasil com a perspectiva da reeleição do presidente Lula, torna-se imperativo que o PT-DF também se prepare para um novo tempo. Isso exige coragem para mudar, compromisso com o legado e ousadia para inovar. É nesse espírito que defendemos a importância de o partido acreditar, agora mais do que nunca, na renovação de seus quadros como estratégia de fortalecimento e coesão para o presente e o futuro.
A gestão de Jacy Afonso à frente do PT-DF foi marcada por avanços importantes. Ele assumiu o partido em um momento de grandes desafios institucionais e políticos e, com liderança militante e experiente, conseguiu conduzir um processo de reconstrução interna, retomando a credibilidade, reorganizando as finanças, os diretórios zonais, promovendo a formação política de base e estabelecendo pontes com os movimentos sociais, sindicatos e a juventude.
Sua liderança ocorreu em um dos momentos mais sombrios da história recente do Brasil. Enquanto o país era conduzido por um governo federal incompetente, autoritário e marcado por práticas golpistas, o PT-DF também precisava resistir aos ataques institucionais, ao desmonte das políticas públicas e ao sufocamento dos espaços democráticos promovido pelo Governo do Distrito Federal. Foi um período em que a simples manutenção da estrutura partidária e da mobilização popular já era, por si só, um ato de resistência. Seu papel foi decisivo para manter o partido vivo, atuante e conectado com as lutas do povo, mesmo sob forte adversidade. Jacy liderou com coerência, coragem e espírito coletivo e deixará como legado um partido mais preparado para os desafios do novo ciclo que se inicia.
RENOVAÇÃO — A renovação que defendemos não significa descontinuar o trabalho feito, muito pelo contrário. Trata-se de aprofundá-lo com novas energias, novas lideranças e novas formas de dialogar com a sociedade. A política mudou, os canais de comunicação mudaram, as demandas da juventude e da periferia se transformaram. Um partido que não se oxigena corre o risco de se fechar em si mesmo, afastando-se da base que lhe dá sentido.
A escolha de Guilherme Sigmaringa como nome para liderar o próximo ciclo é, portanto, coerente com essa necessidade. Guilherme representa a interseção entre a tradição petista e uma família com histórico de luta democrática e comprometimento com os valores progressistas. Com isso, estamos falando de uma renovação geracional que o momento exige.
O próximo período será crucial. A reeleição do presidente Lula exigirá coesão política, capacidade organizativa e mobilização popular. O DF, como centro do poder nacional, precisa de um PT forte, articulado e atuante. Mais do que apoiar o projeto nacional, temos o desafio histórico de recolocar o partido no comando do Governo do Distrito Federal, enfrentando o conservadorismo local e construindo uma alternativa real de poder popular e progressista.
Kleber Santos: “Partido que não se oxigena corre o risco de se fechar em si mesmo” – Foto: Reprodução
Para isso, é fundamental que o partido se apresente à sociedade com uma nova cara, sem abrir mão de sua alma. Um PT que valorize suas raízes, mas que tenha coragem de olhar para frente. Que convoque as juventudes, as mulheres, o povo negro, os trabalhadores e trabalhadoras do serviço público e privado, os catadores, os ambulantes, os educadores, os profissionais da saúde, os artistas e intelectuais, os coletivos e os ativistas digitais. Um partido que fale com todo o DF, no campo e na cidade.
A unidade petista em torno do nome de Guilherme representa mais do que um simples acordo entre correntes políticas internas: simboliza um movimento de maturidade coletiva e responsabilidade histórica. Essa unidade é fundamental para consolidar uma frente política capaz de levar a companheira Erika Kokay ao Senado Federal, ampliando a representatividade petista em um dos espaços mais decisivos da política nacional. Erika, que já demonstrou coragem, lealdade aos princípios do partido e compromisso inabalável com os direitos humanos em sua trajetória, precisa de um partido organizado, mobilizado e sintonizado com o sentimento popular para conquistar essa vitória histórica.
Além disso, um PT-DF fortalecido e unido tem a responsabilidade de ampliar sua bancada na Câmara Distrital e, principalmente, na Câmara Federal, contribuindo com ainda mais força para a governabilidade do presidente Lula em um histórico quarto mandato. A reconstrução do Brasil passa por um Congresso comprometido com a democracia, a justiça social e a soberania nacional, e o DF tem um papel crucial nesse processo.
Sendo assim, a aposta em Sigmaringa não é apenas uma escolha por renovação. É um gesto de inteligência política, de generosidade entre as forças internas e de compromisso com um projeto nacional popular e democrático. A unidade petista neste momento não é apenas desejável, é absolutamente necessária.
(*) Militante do Partido dos Trabalhadores no Distrito Federal