Se a palavra “Discord” ainda não está no seu dicionário de verbetes estrangeiros, como WhatsApp e Instagram, sugiro que continue a leitura, pois pretendo esclarecer do que se trata esse aplicativo. Caso não tenha curiosidade de testar o app, tento simplificar, mesmo com grandes chances de especialistas me desmentirem.
O Discord é quase um WhatsApp, onde pode-se trocar mensagens de texto, vídeo e áudio, com possibilidade de reunir, literalmente, até um milhão de pessoas em uma só comunidade (aqui chamada de servidor).
Mas o que mais chama a atenção é que o usuário não enfrenta nenhuma dificuldade de se manter no anonimato. Eu poderia criar um usuário agora de nome qualquer, como, por exemplo, TaguatingaÉDeLinda, para interagir e cometer crimes – quiçá até eleitorais – sem me identificar.
O mau uso do Discord ganhou evidência após o lançamento de Adolescência, lançada este ano pela Netflix. A série retrata a mudança da vida da família Miller após o filho Jamie, de 13 anos, ser preso sob a acusação de assassinar uma colega de escola por influência das redes. (Fica a dica de série. Porém, vou me ater ao tema desta coluna: marketing político).
Foi por meio do Discord que Pablo Marçal criou um canal de cortes que remunerava apoiadores por publicarem vídeos do ex-coach em suas redes sociais. E, justamente por isso, hoje ele está inelegível. 

Acontece que Marçal não parou por aí. Há algum tempo, participo do servidor Cortes do Marçal para entender como funcionava essa engrenagem, que rodava até pouco tempo.
O candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo explica, “tim tim por tim tim”, como qualquer um pode ganhar dinheiro às suas custas (imagem 1).
O canal tem tudo o que precisa saber: como criar contas, como publicar, como funciona a premiação (imagem 2) e as regras para tal.
Entretanto, uma pessoa da equipe de Pablo, denominada Kamilly, informa aos participantes que as competições estão paralisadas “por opção dele”.
O print (imagem 3) onde Kamilly responde à Samara Matos que (os cortes remunerados) ainda existem e continuarão existindo, é de 28 de abril. “Mas em relação à próxima competição do Marçal, não temos previsão”, informa.
Desde então, não se vê mais competições de cortes do Marçal pelo Discord. Por continuar incidindo no equívoco jurídico que o tornou inelegível até abril de 2025, creio fielmente que Pablo Marçal não será candidato nos próximos pleitos no Brasil.Mas com essa máquina na mão, será um player importantíssimo (principalmente para a direita) no pleito do ano que vem para guiar preferências não necessariamente eleitorais da população a que tem acesso.