É um esporte que não atrai multidões – e no Brasil, pelo visto, no máximo, uma vez a cada século: Maria Esther Bueno (de 1950 a 1977), Gustavo Küerten (de 1990 a 2000); e, agora, tem um rapaz de 18 anos, João Fonseca, que promete.
No meio de um vocabulário que nem precisa usar o itálico, dado que as palavras já chegam em inglês (topspins, winners,inside-out, forehands, backhands, groundstrokes etc. e tal). Melhor esquecer a gíria e acompanhar o ritmo da bola.
Para que eu entendesse melhor o assunto, uma amiga mandou que eu acompanhasse um Grand Slam, aproveitando que o Australia Open estava na ESPN.
Fui. E descobri três coisas: 1. os narradores não gritam ao microfone; 2. Não há VAR, pois a máquina resolve na hora se a bola foi dentro ou fora; e 3. E mais importante: os cartolas seguem uma norma para colocar no vídeo a bandeira do país de um ou de outro tenista: só aparece na telinha se o país rezar por sua cartilha.
Em busca de melhor entender a geopolítica mundial, percebi que, se uma russa está jogando, eles colocam na telinha, no lugar de sua bandeira de origem, um buraco negro. Ou seja: a russa vira uma sem-bandeira. Apátrida. Ou refugiada.
Daí perguntei à amiga se era isso que ela queria me mostrar. E se ela já imaginara atletas do México, do Panamá, da Dinamarca, e até do Canadá jogando como apátridas ou refugiados?
Ou teriam que mudar suas bandeiras para continuarem a ser filhos das terras onde não nasceram, neste ou no século passado? Tênis é cultura, concluí.