Durante mais de 70 anos, Chico Xavier serviu de ponte entre encarnados e desencarnados. Ele tinha todas as qualidades que um grande mestre deve ter: acolhimento, compreensão, compaixão, empatia e paciência.
Chico via, ouvia e dialogava com os desencarnados como se encarnados fossem. Dos desencarnados recebia tanto grandes ensinamentos quanto pedidos de ajuda e depoimentos.
Entre os sofredores que o procuravam, muitos eram suicidas, decepcionados e arrependidos, porque encontraram a vida e não o nada, como imaginavam.
Certa vez, Chico recebeu a visita de um desencarnado em grande sofrimento – ele tinha cometido suicídio. “Deixei-me envolver por pensamentos amargos e alvejei meu coração. Depois, arrependi-me muito. Mas era tarde”, revelou o espírito.
E continuou: “Desejei, em vão, levantar os braços. Entrei num pesadelo em que via o meu próprio sangue rolar do peito, como se aquele filete rubro não tivesse recursos para terminar”.
“O suicida é um detento sem grades, porque ninguém foge de si mesmo. Graças a Deus, com o tempo, melhorei da hemorragia incessante que me enlouquecia.
“Fiquei sabendo que a melhora devia-se às preces de alguém que foi beneficiado com as córneas que doei ao banco de olhos e que se transformaram, para mim, num pequeno tampão que, colocado sobre meu peito, fez cessar o fluxo de sangue.
“Eu, que não fizera bem aos outros, que me omitia na hora de servir, compreendi que o bem, mesmo feito involuntariamente por uma pessoa, é capaz de revigorar-nos as forças da existência”.
O suicídio acontece, geralmente, depois que alguém fica bastante tempo ruminando sobre decepções, fracassos e frustrações, em vez de transformá-los em ensinamentos.
O sofrimento não vem Deus; vem da decepção de ter encontrado vida, e não o nada, como imaginou, e da presença do fluido vital (combustível que se recebe para viver o tempo programado e que acompanha o espírito, geralmente pelo tempo que deveria viver, dando-lhes a sensação de encarnado).
Como ninguém fica abandonado, o suicida, como qualquer espírito, recebe, na hora certa, o apoio para recuperar-se e continuar evoluindo em amor e sabedoria, até tornar-se Auxiliar do Criador. Jesus ensinou: “Nenhuma ovelha a mim confiada pelo Pai se perderá”.