Ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa derrotada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022, Walter Souza Braga Netto foi preso pela Polícia Federal na manhã deste sábado (14) em sua residência na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Primeiro general quatro estrelas a ser preso no Brasil, Braga Neto é acusado de tentar atrapalhar as investigações do Inquérito do Golpe, que investiga a tentativa de intervenção militar no final de 2022 para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB).
Ainda nas buscas da operação deste sábado, a PF apreendeu o celular do general da reserva e também ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro. Ele foi levado para sede da PF e depois para a detenção na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Às 14h deste sábado ele passará por uma audiência de custódia. Depois, ficará numa sala especial preparada especialmente para recebê-lo.
Braga Netto, Bolsonaro e vários integrantes do governo passado foram indiciados em novembro por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. As investigações identificaram uma organização estruturada e coordenada para tentar manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota nas urnas para Lula.
A trama chegou ao ápice no dia 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente depredaram as sedes do Palácio do Planalto, do STF e do Congresso Nacional em Brasília.
A Polícia Federal justificou o pedido de prisão sob o argumento de que, em liberdade, o general representa risco à ordem pública devido à possibilidade de voltar a cometer ações ilícitas. Entre outras contravenções, ele vinha mantendo contatos com a família do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Até o fechamento desta matéria, a defesa dele não havia se pronunciado.
Mas a PF afirma que Braga Netto teve participação relevante nos atos criminosos como “cabeça e mentor do golpe sob o comando de Jair Bolsonaro”. Ele coordenou ações ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais (os “kids pretos”) e entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar as operações.
Ainda segundo as investigações, ele tentou obter dados sigilosos do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, controlar as informações fornecidas e alinhar versões entre os investigados. Braga Netto teve atuação efetiva na coordenação das ações clandestinas para tentar prender e executar o ministro Alexandre de Moraes, do STF e matar Lula e Alckmin.
Em Brasília, Walter Peregrinni, ex-assessor de Braga Netto, também foi alvo de ação de busca e apreensão e vai precisar cumprir medidas restritivas, como não manter contatos com os demais investigados no Inquérito do Golpe.