A campanha presidencial de 2026 começou no dia seguinte ao encerramento do segundo turno das eleições municipais de 2024. Ao comemorar a vitória de 90% dos candidatos apoiados por ele nas cidades de Goiás – inclusive na capital, Goiânia, onde há 36 anos o nome apoiado pelo chefe do Executivo estadual não vencia, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) lançou-se candidato ao Planalto daqui a dois anos.
Na segunda-feira (28), Caiado concedeu uma entrevista ao portal Uol e não deixou dúvidas: “Independentemente de quem seja candidato, já decidi: o meu caminho agora é a disputa da Presidência da República”. Embora determinado a concorrer, inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador destacou que está aberto a conversar com lideranças da direita. “Mas minha candidatura é independente, sem condições ou dependência de apoios específicos, incluindo o de Bolsonaro”.
Conciliador – Embora determinado a concorrer em qualquer cenário, Ronaldo Caiado compromete-se a levar uma mensagem de diálogo e resultados, em vez de polarização. O governador acredita que a eleição de 2026 deverá contar com candidatos diversos no campo da direita, refletindo o conservadorismo popular que ele diz representar.
“Essa abordagem permite que os eleitores escolham entre visões distintas e propostas mais amplas dentro do espectro político conservador”, avalia Caiado, para quem o foco em resultados será fundamental para que o campo da direita se posicione de forma sólida e com credibilidade perante o eleitorado.
A busca por um governo que equilibra o diálogo com uma gestão de resultados é a marca que Caiado promete levar ao cenário nacional. No seu entendimento, o eleitor quer alternativas que tragam uma governança responsável e que estejam em sintonia com as necessidades do país.
Bolsonaro tem que respeitar
Caiado criticou a abordagem de Bolsonaro em Goiás e e em outros estados e disse que o ex-presidente desrespeitou o contexto local. “Ele achava que bastava o número 22 (do PL), sem se preocupar com quem estava ali atrás. As coisas não são assim. A população quer gestores experientes. Aqui em Goiânia eu fui surpreendido com um candidato imposto por ele. Mas as pessoas queriam alguém para resolver o colapso administrativo da cidade. E eu, baseado em pesquisas qualitativas, fui buscar o Sandro Mabel, que nem fazia parte do meu grupo político mais próximo”.
O governador recorda, ainda, outras derrotas de Bolsonaro em Goiás. “A primeira vez que ele lançou um candidato contra mim, eu bati nele no primeiro turno. Agora, ele veio com um candidato para prefeito de Goiânia e eu bati de novo. A política precisa ser construída com inteligência, respeitando as demandas localis “Bolsonaro precisa acordar. Ele deve respeitar as lideranças estaduais. Impor nomes sem dialogar só causa conflitos”.
Um líder constrói alianças
Ao contrário do ex-presidente, Caiado se diz um homem de diálogo. “Acredito que sempre vale a pena dialogar. Precisamos evitar extremismos e respeitar a democracia. O eleitor quer resultados, não essa polarização”.
E, lembrando sua trajetória política, destacou que, ao contrário de Bolsonaro, sempre construiu alianças com base no diálogo e na experiência. Para ele, uma eleição bem-sucedida depende de alianças sólidas e candidaturas adequadas para o eleitorado local.
“Bolsonaro lança candidatos sem conexão com as demandas locais. Não se vence uma eleição apenas com o número 22. Ele precisa acordar e refletir sobre suas derrotas. O líder não deve impor escolhas, mas sim construir alianças respeitando lideranças estaduais”.
Governo flácido
Antecipando o embate com o atual presidente, Caiado chamou o governo Lula 3 de “flácido”, por não ser suficientemente firme e decisivo. “É um governo amorfo, que deixa de trazer nomes fortes e carece de capacidade de decisão, que não demonstra clareza e efetividade em sua gestão. Governo deve agir com planejamento e compromisso. Falta a Lula decisões firmes em setores estratégicos, especialmente na segurança pública”.
Já Goiás, sob sua liderança, desponta como exemplo de gestão bem avaliada, a partir de uma política de diálogo, que inclui as lideranças locais, resultando em um governo eficiente e acolhedor às demandas do povo.
Conservadorismo x bolsonarismo
Caiado destacou que o conservadorismo no Brasil é forte, mas não deve ser confundido com o bolsonarismo. Ele argumentou que a polarização ideológica não traz benefícios ao país e que o eleitorado brasileiro está cansado dos discursos extremistas.
“Nossa política de alianças foi essencial para que Goiás alcançasse avanços em áreas estratégicas como segurança, educação e infraestrutura. A habilidade de articular consensos não é apenas uma questão de sobrevivência política, mas também de responsabilidade com o futuro da população”.
E concluiu o agora assumido pré-candidato ao Planalto: “O conservadorismo não depende do Bolsonaro. Essa eleição mostrou que ninguém aguenta mais extremismos. Goiás é uma ilha de segurança, educação e saúde pública. É isso que a população quer ver”.