Silvio Santos, durante a semana que passou, foi alvo de muitas polêmicas. O que me fez lembrar de outra querela (!) – esta durante a ditadura. Vamos lá.
Era uma vez Quatro Cavaleiros do Apocalipse, para seus detratores, ou Três Mosqueteiros+1, para seus admiradores. Em ordem alfabética: Chacrinha, Flávio Cavalcanti, Hebe Camargo e Silvio Santos.
Aos domingos, ofereciam alegria, música, entretenimento – e, no caso do Chacrinha, bacalhau para a plateia.
Como os programas tinham o mesmo formato, eram atacados pela crítica, mas elogiados pelo público: e estavam sempre nos primeiros lugares no Ibope. Em TVs preto e branco.
No dia 31 de março de 1972 a ditadura ofereceu um presente à população brasileira: a TV a cores, em comemoração aos oito anos do golpe de 31 de março de 1964. “Este é um país que vai pra frente”, dizia o embrulho da prenda.
Um famoso publicitário paulista, diretor de criação de uma grande agência, comemorou a seu modo. Nas férias do patrão, o redator virou dono da burocracia e resolveu comprar duas páginas (a cores) na revista Veja.
Com fotos dos quatro apresentadores, saiu-se – ao contrário de todos os que comemoravam mais este feito do regime militar – com o seguinte título: “Pena que a TV seja a cores”.
Deu-se o escarcéu: o patrão voltou correndo de Paris (já não seria nas asas da Panair), a associação de rádio e TV tirou do ar os comerciais da agência, afora o xingatório. Caos total.
Pressão da linha dura ou questões financeiras?
Quanto ao publicitário, nova agência. Talvez proibido de arranjar polêmicas.