Um apagão cibernético afetou serviços essenciais em vários países nesta sexta-feira (19). Empresas de aviação, telecomunicações e finanças estão enfrentando problemas. De acordo com agências internacionais, as primeiras informações indicam que os usuários da Microsoft são os mais afetados.
No Brasil, os primeiros relatos de problemas surgiram por volta das 7h, com dificuldades no acesso a aplicativos bancários como os do Bradesco, Pan, Neon e Next. No entanto, ainda não há confirmação se a instabilidade está relacionada ao apagão global.
De acordo com a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), as principais companhias aéreas, incluindo Delta, United e American Airlines, suspenderam os voos no início da manhã devido a “problemas de comunicação”.
Os aeroportos de Berlim, na Alemanha, Amsterdã-Schiphol, nos Países Baixos, Hong Kong, Espanha e Suíça também foram afetados por problemas semelhantes.
Consequências jurídicas
O apagão cibernético global foi causado por uma atualização do software Crowdstrike Falcon. De acordo com a Associated Press, aparelhos que usam o sistema da Microsoft apresentaram uma “tela azul” com mensagem de erro.
O incidente destaca a vulnerabilidade das infraestruturas digitais e levanta questões importantes sobre as responsabilidades legais e as consequências para gigantes da tecnologia como a Microsoft.
Sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Digital e Proteção de Dados, Alexander Coelho aponta que as consequências para a Microsoft, caso a falha técnica esteja diretamente ligada a uma plataforma de software fornecida pela empresa, podem ser severas.
“Danos reputacionais são uma das principais consequências. Um incidente dessa magnitude pode prejudicar seriamente a imagem da Microsoft, levando à perda de confiança por parte dos clientes e do mercado”, avalia.
Além do impacto na reputação, há também um significativo impacto financeiro a ser considerado. “A Microsoft pode enfrentar custos substanciais relacionados à mitigação do problema, reparação de danos e possível perda de contratos futuros”, diz Coelho.
Segundo o advogado, esses custos podem incluir não apenas reparações técnicas, mas também compensações financeiras para as empresas afetadas. Outra crítica do especialista é quanto a ações regulatórias.
“Reguladores podem investigar a causa do apagão e impor multas ou outras sanções, dependendo das leis e regulamentos aplicáveis em cada jurisdição. Isso pode adicionar uma camada adicional de complexidade e custo para a Microsoft”.
Empresas afetadas pelo apagão também podem buscar compensação por meio de processos judiciais. “Se a falha do software for considerada uma quebra dos termos de serviço ou do contrato entre a Microsoft e as empresas usuárias, estas podem processar por danos”.
Além disso, de acordo com ele, esses clientes podem alegar negligência, argumentando que a Microsoft não implementou medidas adequadas para garantir a estabilidade e segurança do software. A possibilidade de reivindicações por danos econômicos e à reputação é real.
“Empresas que sofreram perdas financeiras significativas devido ao apagão podem buscar compensação por esses danos. Isso inclui perda de receita, custos adicionais operacionais e danos colaterais. Se puderem demonstrar que o incidente causou danos à sua reputação e, consequentemente, impacto financeiro, isso pode ser incluído nas reivindicações”, observa.