Nada de good morning ou bonjour. Os profissionais do turismo de Brasília terão agora que afiar o árabe: as-salámu alaikum – a paz de Deus esteja com você! E a resposta do interlocutor será aleikum essalam – que a paz de Deus esteja sobre vós também!
E nada de aperto de mãos. Ao receber o turista, especialmente mulheres, a mão direita deve ir ao peito na altura do coração e uma leve flexão do tronco à frente. Tudo isso porque o GDF decidiu investir Turismo Halal.
O projeto foca num segmento que abriga dois bilhões de mulçumanos no Planeta. Apenas no Brasil, são cerca de 1,5 milhão de pessoas, segundo a Federação das Associações Muçulmanas no Brasil (Fambras).
Brasília ainda não conseguiu se firmar como um destino prazeroso para turistas estrangeiros. En 2022, 407.067 passageiros em voos internacionais passaram pelo aeroporto JK. Entretanto, apenas 2,28% (9.281 pessoas) eram estrangeiros.
Meca – Agora, o alvo é a população islâmica que, ao lado dos orientais – chineses, japoneses e coreanos –, forma uma grande massa de viajantes internacionais.
“O turismo muçulmano movimenta 238 bilhões de dólares no mundo. Não dá para mensurar quantos virão ao Brasil e a Brasília. Isto depende de vários fatores. Mas o importante é que o DF esteja preparado para receber esse turista”, diz o secretário de Relações Internacionais do DF, Paco Brito, que esteve à frente das articulações do projeto.
No idioma árabe, Halal significa permitido, autorizado, lícito, legal, dentro da lei. Ou seja, está de acordo com as regras estabelecidas pela Lei Islâmica (Shariah).
Estar pronto para receber o turista halal implicará em novas rotinas nos hotéis candangos. Nos quartos deverá ter um Alcorão, o livro sagrado islâmico, e ambém deverá estar disponível o Seccade, um pequeno tapete para o hospede fazer sua oração, além de uma marcação mostrando em que direção está Meca.
Os muçulmanos rezam cinco vezes por dia. Não o fazem, necessariamente de uma mesquita. A Salat, oração diária, pode acontecer em qualquer lugar, desde que estejam em direção a Meca.
As adaptações devem ir além: nos pacotes de TV por assinatura, recomenda-se aos hoteleiros incluir o canal Al Jazeera, a CNN do mundo árabe. Nada de álcool, nem no frigobar dos quartos.
O conceito Halal permeia a alimentação sem carne suína. Só de boi, frango, caprinos e ovinos, desde que o abate tenha sido feito de forma adequada, em um ritual Halal. E ainda tem uma lista específica de produtos cosméticos e farmacêuticos.