Walberto Maciel
O atropelamento aconteceu no dia 2 de agosto. Ela foi submetida a uma cirurgia cerebral e ainda não saiu do coma, que inicialmente foi induzido. A família constituiu advogado por conta das divergências de versões do acidente
A jornalista Marlene Gomes Souza está em coma na UTI do hospital de Base desde o dia 2 de agosto, quando foi atropelada na entrequadra 203/204 sul, em frente a loja Dular.
Depois de ter sido levada pelo Corpo de Bombeiros para o HBB, a jornalista passou por uma cirurgia no cérebro que durou quatro horas e meia. De lá para cá, Marlene apenas mexeu um dos braços, tentou sentar-se em um movimento involuntário e abriu e fechou os olhos rapidamente.
Segundo a irmã da jornalista, Maria Goreth, Marlene tem uma recuperação lenta por conta do trauma e do inchaço cerebral. “Os médicos explicaram que a recuperação será bem lenta porque só para desinchar, o cérebro leva no mínimo seis meses”, disse
Contradições– O acidente que vitimou a jornalista está cheio de contradições. Primeiro, não foi feita perícia no local porque o local não foi preservado e quando os peritos chegaram, o carro que atropelou a pedestre não estava no lugar do acidente. Marlene foi inicialmente atendida por uma médica que havia levado seu pet para banho e tosa. Ela ajudou a conter a jornalista no momento em que retomou a consciência, após a pancada. O corpo de Bombeiros foi acionado de imediato ao acidente, que ocorreu por volta das 10h por uma colaboradora da loja BioMundo, loja que fica em frente ao local do acidente. 20 minutos depois já estavam imobilizando Marlene e a colocando em uma das duas ambulâncias que acompanharam o caminhão de bombeiros que também foi ao local.
Foi com este caminhão que os bombeiros interditaram o lado leste da quadra e dividiram a via alternando a passagem dos carros.
Quando recobrou a consciência ainda no asfalto, Marlene tentou levantar-se e disse que precisava ir para casa cuidar da sua mãe, “ela vai ficar preocupada!” teria dito a vítima, segundo uma atendente da Dular que ficou o tempo todo ao lado de Marlene, segurando a sua mão e um guarda-sol, já que eram quase 11 horas e o sol estava ficando a pino.
A Polícia Militar só chegou ao meio-dia. Duas horas depois do acidente, com vítima, e não fez o isolamento do local.
E é justamente aí que começam as contradições. Foram feitos dois boletins de Ocorrência, um do CBMDF e outro da PMDF. A imprensa não teve acesso aos BOs, porque segundo o agente Lucas da 1ª DP, são protegidos pela Lei de Proteção aos Dados. No entanto ouviu da irmã de Marlene que havia divergências nas duas versões. Ela também preferiu só passar os BOs para o advogado que a família contratou.
A versão registrada pela PM e divulgada pela SECOM da Polícia Civil é a que provavelmente foi relatada por uma senhora, que apresentou-se como condutora do veículo. Segundo a versão registrada na 1ª DP, a motorista estava subindo a quadra no sentido oeste/leste, quando Marlene que ia atravessar a via, abalroou o carro em sua lateral traseira.
A versão que a maioria das pessoas que acompanharam o acidente e o atendimento à jornalista e que provavelmente é a versão do Corpo de Bombeiros é que o carro estava sendo conduzido por um senhor, com idade entre 50/60 anos, de cabelos cumpridos, que no dia do acidente trajava uma camisa social cinza, e que ele deu ré de uma vaga em frente a dullar e pegou Marlene, que estava atravessando a pista do lado oposto vindo de frente para a traseira do carro em cheio. A jornalista foi surpreendida pela manobra rápida do carro e não teve nem tempo de tentar desviar.
Essas testemunhas que trabalham em lojas como Biomundo, Lavanderia Copacabana e Dular disseram que o senhor tirou o carro da vaga, estacionou na perpendicular ao estacionamento e foi dar assistência à vítima. Elas afirmam que ele ficou muito emocionado, chorou muito a ponto de um bombeiro perguntar se ele queria ir para o hospital. “No momento em que ele estava com ela demonstrou muita preocupação e chegou a dizer que estava saindo da vaga e que no máximo estaria a 7km por hora”, afirmou a colaboradora da loja em frente à vaga. Todas as pessoas que comentaram acerca do acidente não quiseram se identificar ou gravar entrevistas, com medo de represálias, já que o casal provavelmente mora na 203 sul e é assíduo frequentador da comercial.
As duas versões conflitantes prejudicam a vítima, pois na primeira, ela é citada praticamente como a responsável pelo acidente, levando-se em conta que o carro não estaria dando marcha à ré e Marlene teria invadido a pista de rolamento de carros, sem perceber.
O drama de Marlene está mobilizando centenas de amigos da imprensa local e nacional, que estão em oração e enviando energias positivas para a UTI do Hospital de Base, onde ela permanece imóvel.