Em discurso no plenário do Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusou nesta quarta-feira (15) membros do Ministério Público Federal (MPF) de agirem com abuso de poder na força-tarefa da Operação Lava Jato no que se refere a investigações de senadores. Ele classificou de “esdrúxula” e “ridícula” a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de pedir, na semana passada, sua prisão e de outros membros da cúpula do PMDB.
Renan começou o discurso afirmando que já arquivou quatro pedidos de impeachment de Janot e que vai analisar “com isenção” o novo pedido, apresentado na terça-feira (14) pelas advogadas Beatriz Kicis e Claudia de Faria Castro, ambas ligadas a entidades que defendem o impedimento da presidente afastada Dilma Rousseff.
Renan lembrou que três membros da força-tarefa da Lava Jato foram recentemente rejeitados pelo Senado em indicações do procurador-geral para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele cobrou que essas pessoas também sejam impedidas de investigar senadores “pelo constrangimento que significaram as rejeições” pela Casa legislativa.
“Talvez o bom senso não recomendasse que essas pessoas continuassem investigando o Senado Federal como instituição, investigando senadores, abusando de poder, fazendo condução coercitiva sem fato que a justifique, busca e apreensão na casa de senador, prisão em flagrante claramente orientada, gravações de senadores de forma ilegal com pessoas colocadas na convivência de senadores”, acrescentou.
Em referência ao pedido de sua prisão e também do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP), do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR), o presidente do Senado disse que “o que pareceu na esdrúxula decisão da semana passada é que eles [Ministério Público] já haviam perdido seus limites constitucionais. Com aquele pedido, perderam o limite do bom senso e o limite do ridículo”.
“Extrema cautela” – Após o discurso, alguns senadores pediram a Renan “extrema cautela” ao tratar do assunto, em especial ao analisar o pedido de impeachment de Janot. “O senhor tem a obrigação de zelar pelas prerrogativas, mas também pela imagem do Senado”, destacou o senador Cristovam Buarque (PPS-DF).