Fundamentais para o exercício da democracia, as transições de governo, quase sempre, escarnam a gestão anterior. Aqui no Distrito Federal, infelizmente, após quatro anos de abandono, a ausência de uma administração minimamente organizada fica ainda mais evidente agora e, em especial, no que diz respeito à Saúde. Apesar de estarmos praticamente com o pé já em 2019, nada ou muito pouco foi feito com êxito na área. E essa realidade, com frequência, está nas manchetes dos jornais, que revelam, entre outras coisas, a orfandade dos pacientes até para denunciar a dificuldade de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS). Se a população não foi ouvida por Rollemberg em quatro anos, não seria agora, prestes a deixar o Buriti, que isso aconteceria.
Na semana passada, um veículo da imprensa local denunciou, novamente, a falta de pediatras na rede pública. Na matéria, uma mãe desabafava: \”Eu me sinto a menor pessoa do mundo quando minha filha adoece\”, referindo-se à sua impotência diante da longa espera nas filas dos hospitais. Sem solução para o problema e sem ter a quem recorrer, ela e o marido perderam um dia de trabalho para tentar conseguir atendimento. No mesmo texto, a diretora de Comunicação do SindMédico-DF, ressaltou: \”no governo Rollemberg, essa desestruturação foi degringolando\”. Uma realidade que, mesmo com dias contados para acabar, prejudicou (de forma perversa) a vida de pacientes e servidores da Saúde.
Fadados ao limbo neste fim de governo Rollemberg, os usuários do SUS-DF passam por situações que lembram cenários de guerra. Exemplo disso é quando não há sequer água quente nos chuveiros dos hospitais e falta até luz nos quartos de internação. Sim. Essa é a verdade sobre a rede pública do Distrito Federal. Na semana passada, inclusive, outra denúncia feita à imprensa mostrava pacientes internados, no pronto-socorro do Hospital de Samambaia (HRSAM), em macas quebradas, com cabeceiras erguidas no improviso, sustentadas por caixas de papelão. Absurdo? Muito. Principalmente porque, sabemos, não faltou dinheiro para investir na área. Faltou vontade e capacidade de gestão.
O próximo ano bate à porta. E, como presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, estarei atento às demandas dos servidores da Saúde e dos pacientes. Torço, profundamente, para que os olhos e os ouvidos da próxima gestão estejam em alerta para mudar a cruel situação em que estamos. Esperar nunca foi uma opção para aqueles que adoecem e precisam de atendimento e, também, para os que querem salvar vidas. O descaso com a saúde pública mata tanto quanto a violência. Ou mais.