Um país de negros e pardos que segue sendo comandando por homens brancos. Essa é a conclusão que se chega após analisar as nomeações dos quase 600 cargos do primeiro escalão das gestões que assumiram os governos estaduais em janeiro deste ano. Nestes postos estratégicos, a população preta ou parda só se vê representada em 14% dos gestores indicados, um número incompatível com a realidade da população brasileira, na qual 57% se autodeclaram preto ou pardo.
O estudo, realizado pelo portal Folha, usou dados disponíveis de autodeclaração nos quadros que concorreram às eleições do ano passado, além da análise do fenótipo dos gestores indicados. O estado da Bahia foi a unidade da federação que apresentou maior quantitativo de pessoas autodeclaradas pretas ou pardas, em 62% dos cargos com pessoas não brancas. Porém, ainda longe de representar os mais de 80% da sua população que se autodeclara negra.
Em estados com população negra menor, a diferença é ainda mais aguda: em todo o sul do país, apenas dois negros ocupam o primeiro escalão, um no estado do Paraná e uma mulher negra no Rio Grande do Sul.
As mulheres são aproximadamente 51% da população segundo dados do IBGE, mas no alto comando da política também ficaram sub representadas. De todos os cargos estratégicos da administração direta, apenas 28% estão ocupados por mulheres em todas as regiões do país.
A região nordeste foi a que indicou maior avanço: com exceção da Paraíba, os demais estados terão mais de 30% de mulheres no primeiro escalão, sendo que Alagoas, Ceará e Pernambuco terão a mesma quantidade de homens e mulheres no comando. Amapá, Rio Grande do Sul e o Distrito Federal também terão mais de 30% de participação feminina no primeiro time da política administrativa estadual.