Da Redação
Nos anos 2020 e 2021, milhões de brasileiros choraram a perda de quase 700 mil parentes e amigos para a covid-19. A população cobrava melhores condições de atendimento para os doentes e pedia que o governo abrisse leitos, comprasse respiradores e agilizasse a aquisição de vacinas.
Insensível à dor dos compatriotas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) demitia ministros da Saúde que defendessem a ciência e fazia chacota com os sintomas da falta de ar dos contaminados pelo coronavírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, irritou-se em determinado momento.
No dia 4 de março de 2021, Bolsonaro, com ares de imortal, foi frio ao extremo: “Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas”. Sua única preocupação era com a economia.
“A vida continua. Temos que enfrentar as adversidades. Não adianta ficar em casa chorando. Não vai chegar a lugar nenhum. Vamos respeitar o vírus e voltar a trabalhar, porque sem a economia não tem Brasil”.
Em resposta àqueles que defendiam o lockdown, mantendo em funcionamento apenas atividades essenciais, desdenhou: “Atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para dentro de casa, porra! A rua não parou. O homem do campo não parou. Os militares não pararam. O padeiro não parou. Por que essa frescura de fechar comércio?”.
Ao argumento de especialistas de que a vida deveria ser colocada em primeiro lugar, Bolsonaro respondeu: “Depois da destruição, não interessa mostrar culpados”. E chegou ao extremo da grosseria ao expulsar de perto dele a youtuber Cris Bernart, que se identificou como sua “eleitora arrependida”: “Sai daqui. Você já foi ouvida. Cobre seu governador e sai daqui”.
Toda essa empáfia e suposta coragem do capitão desmoronaram após a publicação do resultado do segundo turno das eleições de 30 de outubro. Mesmo sem estar com covid-19, Bolsonaro entrou em quarentena por causa de uma pereba na perna. E só na segunda-feira (5), mais de um mês após a derrota para Lula, reapareceu num evento público. E chorou.
Agora, são os brasileiros que perguntam a Bolsonaro: “Vai ficar chorando até quando?”. E todos aqueles que defendem a democracia têm o direito de dizer ao presidente: “Chega de frescura. De mimimi”. E ainda arrematar: “Enfrenta o problema. A vida continua. Não adianta ficar em casa chorando. Não vai chegar a lugar nenhum”.
Bye, bye, Bolsonaro! Não chore mais!