Presidente eleito Lula – Foto: Ricardo Stuckert
Nas peladas de rua, geralmente os “pernas de pau” compram a bola. Desta forma, exigem o direito de serem escalados no time. Mesmo assim, quando derrotados, recolhem o brinquedo e acabam com a diversão da galera. Adeptos de metáforas futebolísticas, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro fazem lembrar essas pelejas amadoras comuns em todo o Brasil.
Derrotado no segundo turno, o palmeirense Bolsonaro reluta em reconhecer o resultado das urnas de 30 de outubro. Indiferente aos resmungos do atual ocupante do cargo, o corintiano Lula desembarcou em Brasília dez dias depois da consagradora vitória para a terceira passagem pelo Palácio do Planalto. E, fazendo lembrar o hino do Santos, um rival em comum de seus clubes, mostrou que agora é ele quem está com a bola.
Enquanto o atual titular do cargo se isolou na residência oficial da Presidência da República, ameaçando não reconhecer a derrota e, de certa forma, insuflando seus mais fanáticos seguidores a manterem-se mobilizados, Lula circulou com desenvoltura pela capital. Encontrou-se com os presidentes da Câmara, do Senado, do STF e do TSE. E tratou de melhorar o ar pesado que se respira em Brasília.
Indiferente à manifestação de opositores que insistem em permanecer nas portas dos quartéis pedindo uma inconstitucional intervenção militar, o petista instalou o seu governo de transição e começou a devolver o Brasil à normalidade institucional.
No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), reuniu senadores e deputados para articular a aprovação das medidas que pretende implementar a partir da posse, em 1º de janeiro. E deixou claro, inclusive para os profissionais de imprensa, que a relação será muito mais amena do que a vivida nos últimos quatro anos.
“O Brasil não suporta mais esse clima de agressões. Vamos unir o País”, pregou o líder que comandará a nação pela terceira vez. E reiterou o compromisso de trabalhar intensamente para que, ao fim do novo mandato, possa entregar um país em que todos os brasileiros tenham o direito de fazer três refeições por dia – café da manhã, almoço e jantar.
Sem dúvida, uma boa preleção do novo treinador de uma equipe que precisa devolver o Brasil à primeira divisão entre os países democráticos. Ainda mais porque Lula não demonstra o rancor que seria natural a qualquer ser humano injustamente preso por 580 dias por um juiz parcial que o afastou da disputa eleitoral de 2018. A postura de Lula mostrou aos brasileiros e ao mundo quem é o novo campeão absoluto do Brasil neste ano.