Estudantes da EJA do CEM 04 de Sobradinho II – Foto: Divulgação
Sinpro-DF
Era dia 17 de outubro. Geísa Cristina estava ansiosa para chegar ao CEM 04 de Sobradinho II, onde cursa o Ensino Médio na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos). Como praticamente todo jovem de 21 anos, Geísa sente necessidade – e urgência – de projetar o futuro profissional. E foi na escola que a estudante teve certeza do que quer fazer: trançar cabelos afro.
Sobradinho II é uma das regiões de menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Distrito Federal. Na atual conjuntura, marcada também por mais de 10 milhões de desempregados e uma juventude empurrada para a informalidade no mercado de trabalho, ter perspectiva de futuro profissional é algo “revolucionário”.
É assim que Geísa se posiciona frente à vida. Ela não titubeia ao reafirmar que “trançar cabelos sempre foi um sonho” que está próximo de se tornar realidade graças à Semana da EJA do CEM 04. Realizada nos dias 17 e 18 de outubro, o evento ofereceu várias atividades à comunidade escolar. Entre elas, uma oficina de trança Nagô.
De acordo com a coordenadora do noturno do CEM 04 de Sobradinho II, Régia Barradas, a experiência de Geísa é justamente o objetivo da Semana da EJA. “A gente procura trabalhar com a realidade dos alunos, que são de uma comunidade carente e com maioria de negros, a terem criatividade e poderem escolher o que querem para o seu futuro”.
Oficinas
O professor Carlos Assis conta que a Semana da EJA acontece há cinco anos no CEM 04 e é realizada uma vez por semestre. “O objetivo é trabalhar de maneira diversificada, como prevê nosso Currículo em Movimento, trazendo a comunidade para dentro das escolas”.
Nesta última edição, entre outras atividades, foram realizadas oficinas de fotografia, poesia, dança, fabricação de perfume, canto, hip hop, aeromodelismo, além de palestras sobre comunidade LGBTQIA+ e combate à violência contra as mulheres. O artista plástico sobradinhense Toninho de Souza, expôs algumas telas, mostrando que escola também é lugar para arte e cultura.
Orgulhoso do projeto, o professor Carlos Assis planeja novos trabalhos. “Em novembro, temos o projeto Mandacarú, no qual trabalharemos a cultura nordestina”, anuncia.