J. B. Pontes (*)
O IPEC, um dos mais conceituados institutos do País, divulgou, na segunda-feira (12) mais uma rodada de pesquisa. Em relação à anterior, Lula oscilou de 44% para 46%. Bolsonaro ficou estagnado em 31%. Num eventual segundo turno, Lula venceria por 53% contra 36% de Bolsonaro, que ainda aparece como o mais rejeitado de todos os candidatos a presidente: 50% dos entrevistados afirmam que não votariam nele.
A pesquisa foi realizada após o 7 de Setembro, data cívica de relevância nacional sequestrada e transformada em ato de campanha pelo atual desgoverno, numa tentativa desesperada de mudar os rumos das eleições de 2 de outubro. Isso parece comprovar que, nem os atos de 7 de setembro, nem o pacote de bondades lançado pelo desgoverno de plantão a dois meses da eleição foram suficientes para mudar a intenção de voto da população.
Tudo leva a crer que a maioria do eleitorado, especialmente das camadas mais carentes da sociedade, entendeu a clara intenção do Bolsonaro de comprar votos, pagando com recursos do Tesouro Nacional, ou seja, com o nosso próprio dinheiro. De fato, após governar por quase quatro anos de costas para o povo, beneficiando o grande capital e os mais ricos, Bolsonaro descobriu agora que precisaria do voto dos pobres.
Na mesma pesquisa, Ciro Gomes oscilou de 8 para 7%, o que demonstra que, apesar dos ataques virulentos que faz contra Lula e Bolsonaro, ele não consegue sair da bolha de 6 a 8%. O povo brasileiro parece que firmou a convicção de que se trata de um oportunista que já demonstrou não ter nenhum compromisso com o País e com a democracia.
Simone Tebet, apesar de seu discurso afinadinho, aparece apenas com 4% das intenções de voto. Na realidade, deveria explicar ao povo brasileiro porque votou favorável às reformas trabalhista e previdenciária, que tanto prejudicaram os trabalhadores, e pelo impeachment da ex-presidente Dilma, que abriu caminho para a eleição inesperável de Bolsonaro.
O resultado da pesquisa talvez reflita também a perplexidade dos mais pobres pelas notícias relacionadas com a compra, nas últimas décadas, de mais de 100 imóveis pela família Bolsonaro, entre mansões e apartamentos de luxo. Mais ainda pelo fato de 51 desses imóveis terem sido adquiridos com dinheiro vivo. Até o momento, a família não respondeu de forma convincente qual a origem dessa dinheirama. Limita-se a afirmar que, em algumas escrituras, consta “moeda corrente” e não “dinheiro vivo”, o que é uma falácia, conforme demonstraram os pesquisadores do portal UOL.
Por seu lado, o presidente afirmou apenas: “qual o problema de se adquirir alguns imóveis com dinheiro vivo?”, desviando-se de responder sobre a origem do dinheiro. No entanto, sabe-se que o uso de moeda em espécie na compra de imóveis é uma forma de lavar recursos de procedência ilegal, vindo de traficantes, milicianos, golpistas e organizações criminosas.
Diante desses fatos, o que se espera é que a eleição para presidente seja resolvida no primeiro turno, de forma a possibilitar o fim dessa campanha, pontuada por fatos violentos, fake news, ameaças vãs e todas as tentativas inescrupulosas que vêm sendo adotadas pela equipe de Bolsonaro para tumultuar a eleição.
Por último, repetimos que é preciso diminuir o poder do Centrão, deixando de votar em candidatos vinculados aos partidos que compõem esse grupo de políticos fisiologistas e sem qualquer compromisso com o País e com o povo (**).
(*) Geólogo, advogado e escritor
(**) Partidos que integram o Centrão: 22 – PL, 11 – PP, 77 – Solidariedade, 14 – PTB, 44 – União Brasil, 35 – PSD, 15 – MDB, 90 – PROS, 20 – PSC, 70 – Avante e 51 – Patriota.