J. B. Pontes (*)
Estamos nos aproximando das eleições de 2 de outubro, quando cerca de 150 milhões de brasileiros elegerão o futuro presidente da República, 28 governadores de estados e do DF, 27 senadores, 513 deputados federais e centenas de deputados estaduais e distritais.
É uma eleição muito importante para o País, afundado em crise política, econômica e, notadamente, moral. A corrupção, apesar de todas as negativas do atual desgoverno, nunca atingiu níveis tão alarmantes.
Cerca de R$ 53,4 bilhões dos cofres públicos foram distribuídos, por critério político, para parlamentares e outras autoridades públicas, no escândalo sem precedentes do chamado orçamento secreto.
A aplicação desses recursos, que deveriam custear ações essenciais à população (educação, saúde, saneamento e proteção ambiental), é feita sem critério técnico e planejamento, com o objetivo de angariar simpatia e apoios políticos para integrantes dos partidos do Centrão.
Além disso, os integrantes do Centrão, graças à fraqueza do desgoverno Bolsonaro, ainda indicaram apadrinhados para comandar diversas instituições públicas, em especial as aquinhoadas com bons orçamentos, a exemplo do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e outras.
O Fundo Eleitoral, destinado a custear a campanha deste ano, alcançou astronômicos R$ 4,9 bilhões, aos quais se deve somar R$ 1,2 bilhão do Fundo Partidário. E ainda adicionar a compensação fiscal a ser concedida às emissoras de TV e rádio, relativa ao “horário eleitoral gratuito” (que na realidade todos nós pagamos), que este ano poderá alcançar um corte de mais de R$ 1 bilhão nas receitas do governo federal.
Assim, estará disponível na campanha, nas mãos de políticos corruptos, um montante de recursos públicos nunca antes alcançado, que, seguramente, será por ele usado para a compra de votos, em prejuízo da construção de uma sociedade livre, justa, igualitária e sustentável.
O eleitor precisa, portanto, estar bastante atento na escolha de seus candidatos, não devendo jamais esquecer que as decisões adotadas no curso de um mandato eletivo impactam a alocação de recursos orçamentários, o desenvolvimento de políticas públicas, a política tributária, a organização e o funcionamento da Administração Pública, o controle da corrupção e malversações de várias naturezas, entre outras matérias de relevante interesse público.
Portanto, ao votar é preciso pensar no futuro do Brasil, não contribuindo para a eleição de políticos venais, interesseiros, aproveitadores, carreiristas, vendidos, negociantes, enganadores. É necessário valorizar os interesses coletivos e sociais, em detrimento do voto trocado por vantagens pessoais de qualquer natureza.
Se vendermos nosso voto, estaremos entregando a gestão dos interesses coletivos nas mãos de políticos sabidamente corruptos, que não terão qualquer compromisso com ninguém. Previsível que o desempenho desses parlamentares se restrinja a uma sucessão de negociações ilícitas, voltadas à obtenção de todas as vantagens possíveis e inimagináveis, sempre buscando a perpetuação no poder.
Com todas essas previsíveis dificuldades para avançarmos na consolidação de uma nação mais igualitária, justa e solidária, essa eleição nos dará a possibilidade de mudanças do atual cenário. Tudo depende de como votaremos.
E sempre é importante reafirmar que a redução do poder do Centrão é o que de mais importante existe no momento, deixando de votar em candidatos vinculados aos partidos que o integram (**).
(*) Geólogo, advogado e escritor
(**) Partidos que integram o Centrão: PL, PP, Solidariedade, PTB, União Brasil, PSD, MDB, PROS, PSC, Avante e Patriota