Da Redação
A morte de Janaína Nunes Araújo motivou o advogado Marivaldo Pereira a reingressar na Justiça com uma ação popular pedindo o retorno do agendamento prévio nos Cras e a publicação de um cronograma de atendimento das mais de 270 mil famílias que aguardam na fila desses centros em todo o DF. A ação é subscrita por Lara Montenegro, Fátima de Sousa e Raphael Sebba.
A Justiça havia negado a concessão de uma liminar que obrigasse o GDF a retomar o modelo de atendimento mediante agendamento, sob a alegação de que isso poderia prejudicar as famílias que já haviam conseguido as senhas. Mas os autores da ação alegam que o número de pessoas prejudicadas pelo atual modelo é muito maior.
Segundo os autores, este modelo aprofundou o caos na assistência social e o sofrimento da população mais pobre, e é responsável pela morte de Janaina. De acordo com Marivaldo Pereira, o próprio GDF afirmou que submeteu a população mais pobre a um modelo de atendimento experimental.
“Ocorre que este modelo é ultrapassado e ineficaz, o que é reconhecido pelo próprio GDF. Claramente, o objetivo não era atender as famílias, mas sim esconder as mais de 270 mil famílias na fila e evitar o custo político da incompetência, do amadorismo e da indiferença da atual gestão no tratamento com a população mais pobre”, diz o advogado, que acompanha a evolução da fila do CRAS desde o início da pandemia e denunciando o descaso do GDF junto ao Ministério Público.
Para Marivaldo Pereira, “é desumano e elitista o tratamento que o GDF dedica à população mais pobre, sobretudo diante de um cenário em que a pobreza aumenta e a população sofre com a fome em plena capital da República, uma das unidades da federação mais ricas do País”. (OP)
Saiba+
O CRAS é a porta de entrada para as famílias acessarem o Cadastro Único da Assistência Social e terem acesso a programas como a cesta básica emergencial e Auxílio Brasil. É ao CRAS que precisam recorrer para renovar o Cadastro Único da Assistência Social a cada dois anos para não perderem o Benefício de Prestação Continuada, pago pelo governo federal.