Leidiane Souza (*)
Fazer um balanço da situação da Caixa Econômica Federal e sua relevância na vida dos brasileiros. Este o objetivo do seminário “Caixa: um bem público na vida das pessoas”, realizado na terça-feira (13), com apoio e participação do Sindicato dos Bancários de Brasília, da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e do portal Recontaí.
O encontro reuniu diversos especialistas e debateu, entre outros pontos, “a Caixa queremos a partir de 2023”; gestão e governança; cidades inclusivas; inovação e novas tecnologias; fundos públicos e a dinamização da atividade econômica no Brasil; o papel da cultura na reconstrução do Brasil e o reforço da identidade nacional.
Conforme lembrou Sergio Takemoto, presidente da Fenae, a história da CEF se confunde com as principais movimentações sociais dos últimos 161 anos. “A Caixa representa, ao longo dos anos, grandes mudanças na vida da população, seja no acesso ao crédito, seja por meio da contribuição com a política econômica e estabelecendo-se como ferramenta para o desenvolvimento do país”, disse.
Outro ponto discutido foi o protagonismo dos trabalhadores e da sociedade civil na direção das empresas públicas. Segundo a representante eleita dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, a participação dos trabalhadores nos comitês gestores das empresas é sinônimo de avanço. “A democratização do espaço público vem a reboque do protagonismo da classe trabalhadora”, afirmou.
O economista, mestre em Estudos do Desenvolvimento, assessor pelo Dieese e representantes da CUT nos Conselhos do FGTS e do FAT, Clóvis Scherer, falou da importância dos fundos. Ressaltou que existem, no governo federal, mais de 50 fundos ativos. Entre eles, Fundo Nacional de Saúde, Fundo de Assistência Social, Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) entre outros, que, somente em 2018, movimentaram R$ 870 bilhões.
“A Caixa já mostrou sua relevância no desenvolvimento social e econômico do Brasil. O banco é capaz de direcionar o futuro do País. Portanto, a eleição é apenas o começo da mudança”, explicou, referindo-se ao pleito de outubro.
Os professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Ermínia Maricato e Nabil Bonduki disseram que somente com a utilização da Caixa será possível lidar com o atual déficit habitacional (5,8 milhões de moradias). Porém, apontam que não bastará construir moradias, como as aproximadamente 6 milhões feitas pelo programa Minha Casa Minha Vida (MCMV): será necessário fazer mais e melhor.
“Hoje, especialistas apontam que mais de 33 milhões de pessoas estão de volta ao mapa da fome e esta é apenas uma ponta do iceberg do problema. E o nosso papel, enquanto instituição pública, é justamente retomar e fortalecer o papel social da Caixa como instrumento de mudança. A Caixa é fundamental na retomada de uma política urbana e de habitação e esperamos que a partir de 2023 essa retomada aconteça”, pontuou Nabil Bonduki.
Já a professora Ermínia lembrou que a mudança paradigmática nos programas de moradia do próximo período é necessária. “Hoje, a maior parte da habitação brasileira é sem base fundiária regular, sem financiamento, sem licença, sem leis, sem profissionais, sem segurança física ou jurídica, sem saúde, sem sustentabilidade, sem saneamento, sem endereço, fomentando um estado paralelo com violência”, ressaltou.
Por fim, o professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Sérgio Amadeu pontuou que o País vive uma nova era caracterizada pela datificação, ou seja, pela capacidade de extrair dados de todos os aspectos da vida. “As plataformas, com a coleta incessante de dados para fazer previsões, têm gerado uma colonização de todo o planeta por meio dos dispositivos. Nesse sentido, a Caixa tem a possibilidade de criar uma nova perspectiva para que o Brasil possa se desenvolver por meio desses dados, e não só enviá-los para os países que detêm as grandes plataformas”.
(*) Colaboração para o Seeb Brasília