Chico Sant’Anna
Produtores culturais do Distrito Federal indignaram-se com o Banco de Brasília e o que chamam de descaso do GDF para com a cultura local. Vivendo momentos difíceis, em decorrência da pandemia e da falta de recursos – ainda mais depois do veto presidencial às leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo –, a cultura de Brasília vê agora um apoio milionário deixar a Capital para financiar projeto no Rio de Janeiro.
Trata-se do novo aporte de R$ 2,5 milhões do BRB ao Clube de Regatas Flamengo. A verba patrocinará, até 2024, o museu do Flamengo, ainda a ser reaberto. Produtores culturais da cidade lamentam que os valores não sejam aplicados no DF.
A paixão do governador Ibaneis Rocha pelo rubro-negro é sabida. No atual governo, o clube virou o xodó do BRB, instituição pública cujo propósito de existência é fomentar o desenvolvimento do DF. No esporte, contudo, prefere investir mais lá fora.
Assinou contrato com o Flamengo que prevê um aporte fixo de R$ 32 milhões/ano e mais R$ 2,5 milhões ao basquete do clube. E agora o BRB decide investir num projeto cultural rubro-negro.
Em 2013, o clube havia obtido apoio da Adidas, de R$ 2,4 milhões, para concluir o Museu. Mas a verba, segundo o portal Coluna do Fla, foi aplicada em outra área.
R$ 1,08 bilhão – Em 2021, o clube foi o que mais faturou no Brasil: R$ 1,082 bilhão, segundo levantamento do portal Sports Value. Sozinho, o time carioca faturou o equivalente a 15,7% de tudo o que os 20 clubes que mais conquistaram receita obtiveram juntos. Certamente, essa verba do BRB não lhe faria falta para tirar do papel o novo projeto, terceirizado à empresa Mude Brasil Administração de Museus Esportivos Ltda.
Produtores culturais pedem foco na Capital
Ex-secretário-adjunto de Cultura do DF, o flamenguista Romário Schettino considera um “disparate” o BRB destinar verbas para apoiar um museu do Flamengo em outro estado.
“Não tem o menor sentido. É o mesmo que querem fazer com o tal museu da Bíblia. Enquanto isso, mantém a Teatro Nacional fechado. Gasta dinheiro do povo como se fosse dele”.
Falta de opções para dinamizar a cultura brasiliense não foi o motivo para expatriar o apoio cultural. O BRB poderia ter optado tanto entre iniciativas do próprio GDF, quanto outras que trariam benefícios sociais importantes.
A reforma da sala Martins Penna do Teatro Nacional parece que, após oito anos, vai sair do papel, embora o GDF tenha perdido R$ 33 milhões alocados pelo Fundo de Direitos Difusos do Ministério da Justiça, devido à morosidade administrativa governamental.
Outra opção seria investir na Cultura FM. A rádio do GDF padece do abandono e do envelhecimento dos equipamentos. A rede interna de dados é instável. O travamento de um computador interrompe a transmissão via internet. A mesa de áudio, de tão antiga não pode receber novos microfones (o que mantém a rádio no ar é de 1980). Leia matéria completa no blog Brasília, por Chico Sant´Anna.