Da Redação
O grupo Avencemos foi criado para promover diálogo e convivência entre pessoas em reabilitação de acidente vascular cerebral (AVC), familiares e amigos. Uma das ações do coletivo brasiliense é a criação de uma troça carnavalesca que será lançada sábado (7 de maio), com entrada gratuita, na Galeria dos Estados, das 14h às 20h, e contará com uma programação musical com apresentações do Grupo Patubatê e da Orquestra Popular Marafreboi e participação dos DJs Karla F e Luciano Kalatalo.
A líder e incentivadora do Avencemos é Érika Ferreira, fundadora e integrante do Suvaco da Asa, troça carnavalesca que integra a programação momesca de Brasília desde 2006 e que faz a festa dois sábados antes da folia. Inicialmente, o grupo saía no Cruzeiro, mas com o crescimento do número de participantes passou a ocupar a área central da cidade, próximo à Torre de TV. Em 2021 e em 2022, o bloco não saiu em virtude das restrições sanitárias impostas pela pandemia da covid-19.
AVC no voo
Em novembro de 2019, Érika sofreu um grave AVC durante um voo quando retornava de uma viagem de féria. Há três anos em reabilitação, ela esbanja lições de amor à vida, superação e busca por autonomia. Um exemplo para familiares e amigos que convivem com ela. E o Avencemos nasceu a partir dessa lição de vida proporcionada por Érika, uma foliã apaixonada.
“O grupo nasce para proporcionar um espaço de diálogo e vivência com todos que passam por um processo nos mais variados estágios e atravessam vitoriosos o episódios de AVC. Mas também com correntes diversas em outros processos de ressignificação e autonomia na jornada e amor à vida”, esclarece o documento que deu início ao coletivo.
Afasia
Outro líder e incentivador do bloco Avencemos é Guilherme Carvalho, que teve um AVC em maio de 2020 e ainda não consegue falar. Ele é poeta, professor de geografia da Secretaria de Educação do DF e mestre em geografia (UnB). Depois do acidente, ele iniciou o programa de reabilitação neurocognitiva na Rede Sarah.
A fonoaudióloga e a psicopedagoga do hospital tomaram a iniciativa de apresentar Guilherme a Érika e a Luciano, os três pacientes com o perfil parecidos e também afasia pós AVC para atendimento de grupo e socialização. Afasia é uma alteração na linguagem causada por lesão neurológica.
“A identificação com Érika foi imediata. Nosso encontro foi muito emocionante. Foi lá que tivemos a ideia de começar o bloco. É muito importante para nós manter vínculos e atividades sociais, principalmente depois do acidente que também vivemos num momento de pandemia”, descreve Guilherme. “O bloco Avencemos pode ser uma forma de nos expressarmos de forma alegre e coletiva. Espero que as pessoas se identifiquem e possam acreditar que existe vida e carnaval após o AVC”, completa.
Oficinas
Além da folia carnavalesca, o Avencemos também promoverá outras atividades em parceria com o Suvaco da Asa, que funciona na sede da Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc), como oficinas de manualidades (crochê, tricô, pintura), de palhaçaria, de música etc. Durante a festa de lançamento estarão à venda camisetas e canecas com a marca do Avencemos. Os recursos arrecadados vão financiar as atividades futuras.
Atrações musicais
O grupo percussivo brasiliense Patubatêestá na ativa há mais de duas décadas e é conhecido no Brasil e no mundo por fazer música com instrumentos inusitados a partir do reaproveitamento de sucatas como latas, tonéis, baldes, panelas e peças de automóveis. Os músicos tocam ritmos brasileiros, como maracatu, samba funk, afro, ijexá, carimbó e ciranda, sempre com percussão e o DJ de música eletrônica.
A Orquestra Popular Marafreboisurgiu da variedade de gêneros musicais das regiões Norte e Nordeste, como o maracatu, frevo, bumba meu boi, xote, baião, ciranda, maxixe, xaxado, baião, dentre outros. É a única orquestra de sopros do Centro-Oeste com foco nessas matrizes. Criada pelo maestro Fabiano Medeiros da Costa, um recifense que buscou compartilhar a riqueza cultural de Pernambuco com músicos vindos de outras partes do país, o grupo tem um trabalho autoral que personifica a diversidade cultural do país.
O que é AVC
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) também pode ser chamado de Acidente Vascular Encefálico (AVE), ou popularmente denominado de derrame. Trata-se de uma alteração súbita do fluxo sanguíneo cerebral que compromete a circulação de sangue em alguma região do cérebro.
O oxigênio é um elemento essencial para a atividade normal do nosso corpo, os vasos sanguíneos que transportam oxigênio e nutrientes ao cérebro se rompem ou são bloqueados por um coágulo e, então, ocorre uma alteração na circulação de sangue em alguma parte do cérebro. Essas artérias funcionam como mangueiras, direcionando sangue para regiões específicas.
Quando esse transporte é impedido e o oxigênio não chega às áreas necessárias, o cérebro não consegue obter o sangue (e oxigênio) de que precisa, provocando lesões. Essa interrupção pode ser causada por duas razões: um entupimento (AVC isquêmico) ou um vazamento nas artérias (AVC hemorrágico). O AVC é a segunda causa de mortes no mundo e a principal causa de incapacidade em adultos.
Epidemia silenciosa
A Organização Mundial do AVC divulga dados que mostram que a cada 6 segundos, independentemente da idade ou sexo, alguém em algum lugar do mundo morre de AVC. A entidade pede medidas urgentes para essa epidemia silenciosa, uma vez que o AVC provoca mais mortes anuais do que a Aids, a tuberculose, a malária, a dengue e a gripe A juntos. Dados estatísticos de 2018 demonstram 14,5 milhões casos de AVC e 5,5 milhões de mortes. No Brasil, o AVC é a segunda causa de morte, conforme dados do Ministério da Saúde, com 400 mil casos/ano e mais de 100 mil óbitos. A cada 5 minutos ocorre a morte de um brasileiro por AVC.
Serviço
Festa de lançamento do Avencemos
Com Grupo Patubatê, Orquestra Popular Marafreboi e DJs Karla F e Luciano Kalatalo
Sábado, 7 de maio de 2022
Das 14h às 20h
Galeria dos Estados (Setor Bancário Sul de Brasília)