Da Redação
A jornalista Edvaneide Araújo resolveu atualizar os estudos com um curso de informática na Escola Técnica de Ceilândia (ETC). Como trabalha o dia todo, matriculou-se no turno noturno. As aulas começaram no dia 14 de fevereiro e a previsão de conclusão é 22 de dezembro. Mas Edvaneide está pensando em desistir do curso.
Ela conta que as aulas terminam às 22h50. Por medo de andar só à noite – já foi assaltada e perseguida por marginais várias vezes naquele setor – precisa chamar um transporte por aplicativo. No entanto, o vigia da ETC a proíbe de permanecer no interior da escola enquanto espera o carro chegar.
“Fico apavorada. É assustador permanecer sozinha, do lado de fora, com o portão fechado”, relata Edvaneide. A mesma situação foi vivida por outra aluna, que prefere não se identificar. “Aqui não tem patrulhamento regular. A gente fica totalmente exposta”, diz a estudante.
Segundo ela, é perigoso até mesmo ir caminhando até a estação do metrô, que fica próximo, mas que tem uma área deserta e escura no caminho, onde se concentram moradores de rua e usuários de drogas. “Estou saindo mais cedo da aula porque, se o transporte demorar, não preciso ficar lá fora sozinha esperando”.
Edvaneide lembra que no dia 10 de março pediu o transporte por aplicativo. O motorista estava finalizando uma viagem e demorou a chegar. Ao trancar os portões e deixa-la de fora, o vigilante informou que estava cumprindo ordens de não manter ninguém após o horário nas dependências da instituição.
A estudante levou a reclamação à direção da ETC. A resposta foi que a escola segue regras da Secretaria de Educação, segundo as quais, após as 23h nenhum aluno pode permanecer no interior do estabelecimento “para garantir a segurança da escola e do vigilante”.
“É absurdo a instituição se preocupar mais com o patrimônio da escola do que com a segurança e a vida dos alunos. Não custa nada o vigilante nos deixar ficar por mais cinco ou dez minutos esperando do lado de dentro, com o portão fechado, e quando o carro chegar abrir para sairmos”, sugere a jornalista.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Educação, mas não teve resposta até a publicação desta matéria.