Chefe de gabinete é pré-candidato a distrital para dar continuidade ao trabalho da petista
Orlando Pontes
O professor Gabriel Magno é um “garoto prodígio”. Aos 36 anos, formado em Física pela UnB, é concursado da Secretaria de Educação e já tem larga experiência como diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação. Chefe de gabinete da deputada Arlete Sampaio (PT), foi escolhido pela tendência Democracia Socialista como pré-candidato para dar sequência ao trabalho da parlamentar na Câmara Legislativa. Nesta entrevista ao Brasília Capital, ele fala dos projetos e dos compromissos que terá, caso se eleja.
Você é chefe de gabinete da deputada Arlete Sampaio e pré-candidato a distrital. É o herdeiro político dela?
A Arlete tem um legado e uma história de carinho e cuidado com o DF, e tomou a decisão neste mandato de se aposentar da vida eleitoral.
Mas da política não, né?
Da política a gente nunca aposenta. E nós e a Arlete temos um compromisso com a cidade. Ela acredita também na necessidade que faz parte de um princípio da importância da renovação. E no nosso coletivo nós tomamos a decisão de dar continuidade a esse legado.
Qual coletivo?
A gente faz parte da tendência Democracia Socialista. Mas temos conversado com outras correntes, outros agrupamentos do PT fora do partido. Com movimentos sociais, de mulheres, estudantis e de juventude.
Qual sua principal bandeira como candidato a distrital?
Sou professor e a Arlete é médica. Mas muito conhecida na Educação. Hoje, inclusive, preside a Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara. Tem identidade com essa agenda. E na minha plataforma, óbvio, a educação será uma grande prioridade.
Quais os principais problemas a serem atacados?
A Educação tem sofrido muito. Mas nós queremos também discutir o Distrito Federal como um todo. Nós temos uma avaliação de que a gestão atual do GDF transformou a cidade num negócio. O Ibaneis governa para uma parcela muito pequena da população.
Qual parcela?
As empresas de ônibus, por exemplo, têm recebido um grande auxílio. Ano passado foi quase um bilhão de reais. E a população não tem visto melhoria na qualidade do serviço. É frota sucateada, atraso nas viagens, falta de segurança. O IGES que o Ibaneis prometeu acabar foi ampliado e tem recebido muitos recursos. A população sente os problemas da gestão geral da saúde pública. A privatização da CEB levou à piora do serviço, que ficou mais caro. Então, nós queremos discutir um novo modelo de cidade, em que tudo tem que ser para todos. A cidade precisa ser mais democrática. Este é o compromisso que a gente apresenta, que faz parte da história da Arlete.
O que são as Casas da Democracia?
São as antigas Casas da Cultura, criadas no primeiro mandato da Arlete. Primeiro, devemos entender que a cultura sofreu muito nesse período e está sofrendo até hoje. Foi o primeiro a fechar e o último a abrir. Aí, pensando na cidade como um todo, ampliamos a ideia para Casa da Democracia, para ser um espaço de convivência cultural, mas também de oficinas, realizando cursinhos populares. Um espaço de convivência social mesmo. A cidade carece disso.
Isto não seria uma atribuição do Poder Público?
Infelizmente, nós temos uma gestão que olha para os espaços públicos e tenta interditá-los. São praças mal iluminadas, sem internet de graça para as pessoas, sem segurança e virando estacionamento. A cidade é para os carros e não para as pessoas. Então, a ideia da Casa da Democracia é ser o ponto de apoio, de organização e resistência dessa luta social.
As mulheres lutam por mais espaço, inclusive na política. Aí o coletivo de vocês coloca um homem como sucessor de uma deputada. Não seria mais lógico a indicação de uma mulher?
Esta é uma pergunta importante. O nosso grupo sempre teve esse compromisso. Não só com a luta dos direitos das mulheres e dos direitos sociais. A Arlete tem uma história com essa agenda. Nós achamos que é importante ampliar a participação feminina na política e em vários espaços. Isso se dá, primeiro, com uma mudança no sistema político, que é muito perverso e machista. Os partidos são muito engessados. Nós defendemos, por exemplo, que um instrumento importante são as listas fechadas alternadas, com alternância de gênero. Se o partido tem duas vagas, tem que ser um homem e uma mulher. E assim por diante.
Que outras bandeiras femininas você vai defender?
A gente fez uma avaliação de outras lutas sociais que mesmo sendo homem a gente carrega, que é a agenda das mulheres, dos negros e das negras, dos LGBTQIA+, vão ser partes fundantes do nosso programa e da nossa atuação parlamentar.
Como está a construção das alianças e do discurso para o enfrentamento com Ibaneis nas urnas de outubro?
Eu vejo com otimismo a construção da federação. Com ela, a gente acha bem possível derrotar Ibaneis aqui e derrotar Bolsonaro na esfera nacional, com o Lula. No PT nós temos dois pré-candidatos, o Magela e a Rosilene, minha companheira de sindicato, que nosso coletivo apoia. Eu tenho dito que 2022 é o ano pra gente revidar. Os últimos anos foram de muita luta, de resistência. Está na hora de revidar, e nas eleições nós vamos conseguir fazer isso, para construir um novo DF, um novo País. Acho que a Rosilene reúne as condições de liderar esse bloco.
Como negar que Ibaneis realiza obras importantes para a cidade, como mostra a propaganda do GDF?
Primeiro, que é um governo que também faz muita propaganda. Nós vamos conversar com a sociedade sobre qual é a prioridade dessas obras? Atendem a quem? Nós estamos num período de chuva e as cidades continuam sendo alagadas, continuam inundadas. As pessoas em casa sentem a ausência do Estado, Por que as obras não são para corrigir os problemas nas escolas, que estão com as salas de aula superlotadas? Por que não foram construídos novos hospitais? Por que os novos bairros lançados pelo GDF não têm equipamentos públicos, como escolas e UBS? Então, nós temos que mudar a prioridade. O governo Ibaneis não prioriza as necessidades mais urgentes da população.
Como deputado, você defenderá o cumprimento da lei que manda os órgãos públicos do DF investir 10% dos recursos de publicidade nos veículos comunitários?
Esta é uma pauta urgente. Precisamos reforçar a democracia no Brasil. E a comunicação é um dos pilares da democracia. É preciso democratizar o acesso e o direito à palavra. E os meios de comunicação comunitários, alternativos são fundamentais para isso. Os 10% dos recursos da publicidade do GDF têm de ser cumpridos. Na Câmara Legislativa, a bancada de oposição tem feito representação no Tribunal de Contas, nos órgãos de controle para cobrar o governo a fazer isso. Este é um compromisso que deve ser de todos os políticos que têm apreço pela democracia.