Ex-chefe de gabinete da presidência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Karine Câmara assumiu, em agosto deste ano, a diretoria regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-DF). Seu primeiro ato foi dar posse a Antony Araújo Couto no cargo de assessor especial.
Ele é ex-secretário-adjunto da Secretaria de Saúde do DF, cargo que ocupou por apenas 44 dias (pediu demissão no dia 11 de outubro). Mas foi o suficiente para deixar uma barafunda na Pasta. Tanto que o Tribunal de Contas do DF detectou indícios de fraude no processo licitatório realizado para limpeza e manutenção das unidades ligadas a SES-DF na breve passagem de Antony Araújo.
Toda essa dança das cadeiras é organizada pelo presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido da Costa Freire. Não à toa, ele é alvo de reclamação interna por promover o que diretores chamam, em off, de “um verdadeiro aparelhamento das empresas que estão debaixo do seu guarda-chuva”.
Esses dirigentes, que pedem para não ser identificados, relembram que foi Aparecido o responsável pela promoção a diretor regional do Serviço Social do Comércio (Sesc-DF) do ex-diretor de Operações do Senac-DF, Valcides de Araújo Silva, envolvido em denúncias de malversação de recursos à frente da unidade. Nesta “queda pra cima”, Valcides deixou de administrar um orçamento de R$ 150 milhões anuais para gerir uma verba quatro vezes maior, de R$ 600 milhões.
Ex-candidata a distrital assume o Mesa Brasil do Sesc
Karine, Antony e Valcides não são os únicos exemplos de aparelhamento das empresas ligadas à Fecomércio-DF. No rearranjo promovido por Aparecido, embarcou até uma ex-candidata a deputada distrital nas eleições de 2018. Maria Claudia de Vilhena Moraes concorreu a uma vaga na Câmara Legislativa pelo Partido Novo e agora coordena o programa Mesa Brasil do Sesc.
No novo cargo, terá oportunidade de melhorar seu desempenho eleitoral (obteve 2.389 votos, ou 0,16%). Para 2022, com a exposição no Mesa Brasil, é muito provável que esse percentual aumente. A expectativa é de que o programa tenha o condão de alavancar sua imagem perante aos mais necessitados.
O Mesa Brasil do Sesc é a maior rede de bancos de alimentos da América Latina, referência no combate à fome e ao desperdício de alimentos. Atua ao lado de parceiros como centrais de distribuição e abastecimento de alimentos, feiras livres, redes atacadistas e varejistas, e indústria alimentícia que doam excedentes de produção ou produtos fora dos padrões de comercialização, mas em condições seguras para consumo.
Garfo e faca
Claudia Vilhena estará em contato com empresas dos mais variados setores que disponibilizam recursos e serviços para esta iniciativa. O programa de segurança alimentar e nutricional atende, diariamente, milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade, por meio de instituições socioassistenciais cadastradas.
Além da distribuição de alimentos, o Mesa Brasil Sesc promove ações educativas nas áreas de Nutrição e Serviço Social. Portanto, Claudia Vilhena está com o gafo e a faca na mão.
Resposta
A assessoria de imprensa da Fecomércio encaminhou a seguinte nota ao Brasília Capital:
“A propósito das contratações de Cláudia Vilhena e Anthony Couto pelo Senac-DF, temos a informar que não são questionadas as qualificações técnicas dos colaboradores.
“Em relação a Cláudia Vilhena, a sua indicação para o Mesa Brasil se justifica pelo seu compromisso com as demandas da comunidade, demonstrado ao longo de sua extensa e profícua atuação profissional.
“A contratação de Antony Couto se justifica pela sua vasta experiência em setores estratégicos da administração pública. Não há qualquer apontamento concreto que desautorize a essa contratação.
“Seu perfil profissional se adequa aos compromissos de modernização e transparência que se exigem na condução dos destinos do Senac/DF.
“A Entidade não permitirá qualquer afronta à legalidade e reafirma seu inafastável respeito aos princípios da boa governança exigidos de qualquer administrador”.