O presidente Jair Bolsonaro surpreendeu a todos neste fim de semana e cancelou sua cerimônia de filiação ao Partido Liberal (PL). Oficialmente, o PL divulgou em nota que o cancelamento foi decidido em “comum acordo”. Nos bastidores, no entanto, a conversa entre Valdemar Costa Neto, presidente do partido, e Bolsonaro foi repleta de indelicadezas (leia mais abaixo).
Ainda que não vá para o PL, Bolsonaro segue em busca de outra legenda do Centrão para chamar de sua. Neste cenário, segue vivo o interesse do presidente no Progressistas e no Republicanos – que também sonham em tê-lo em suas fileiras.
VTNC
Segundo o portal O Antagonista, troca intensa de mensagens que levou à suspensão da filiação de Jair Bolsonaro ao PL foi bem mais do que intensa. O diálogo terminou com troca de ofensas de ambos os lados, com Valdemar Costa Neto deixando claro ao presidente quem manda e continuará mandando na legenda.
“Você pode ser presidente da República, mas quem manda no PL sou eu”, teria escrito Valdemar. Bolsonaro, então, teria mandado o cacique do PL para aquele lugar, recebendo cortesia semelhante, incluindo um “VTNC você e seus filhos” escrito pelo líder do PL ao presidente da República.
O principal impasse entre os dois se deu em torno do controle do diretório do PL em São Paulo, que Bolsonaro queria entregar ao filho Eduardo. Valdemar explicou que não seria possível, ao que o presidente reagiu furioso. Conforme adiantado pelo Brasília Capital, no Distrito Federal o acordo entre Bolsonaro e o diretório regional do PL pode implodir o partido.
Casamento ou divórcio?
Mesmo em Dubai para um evento internacional, o presidente indicou estar disposto a esperar “pouquíssimas semanas” para concluir as negociações com o PL, comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto. “Eu tenho um limite. Espero, em pouquíssimas semanas, duas ou três no máximo, casar ou desfazer o noivado. Mas acho que tem tudo para a gente se casar e ser feliz”, disse o presidente, durante entrevista na Expo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Segundo Bolsonaro, a conclusão das conversas somente irá adiante se o PL desistir de apoiar partidos de adversários políticos dele, principalmente na esquerda, e de participar de palanques estaduais que possam beneficiar rivais como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e João Doria (PSDB).
Flerte
“Nosso partido não pode estar flertando com a esquerda num ou outro Estado, se resolvermos isso aí eu assino essa filiação que me satisfaz e satisfaz em grande parte o nosso eleitorado, que quer a continuidade da minha política”, afirmou o presidente.
Quem acompanhou a conversa garante que já não há mais clima para a filiação. Em nota oficial, o PL informou que “a data de 22 de novembro foi cancelada, não havendo, ainda uma nova data para o compromisso de filiação”.