Paco Britto não esconde sua admiração e respeito por Ibaneis Rocha. Garante que essa boa relação se estabeleceu ainda na pré-campanha de 2018 e não sofreu abalos nos últimos três anos. “Eu sei qual é o papel do vice em um governo”. Ele revela que se inspira em Marco Maciel, falecido este ano, e que foi vice-presidente nas duas gestões de Fernando Henrique Cardoso.
Nesta semana, com a viagem do titular a Portugal, o vice-governador assumiu interinamente o GDF e implementou uma agenda intensa. “Mantive o ritmo do nosso governador”, disfarça. Nesta entrevista exclusiva ao Brasília Capital, concedida dentro do carro no deslocamento entre Taguatinga e o Palácio do Buriti, na quinta-feira (4), Paco Britto falou das realizações da atual gestão e desdenhou das chances da oposição de tirá-los do governo no próximo ano.
Leia a íntegra da entrevista de Paco Britto ao Brasília Capital:
Parece que o senhor acelerou as ações do governo neste curto período de interinidade? – Não. Eu só mantive o ritmo do nosso governador Ibaneis Rocha. Um ritmo intenso que está sendo implementado em todo o DF em prol da nossa população.
Além de obras, o senhor também tem apresentado ações como contratações de servidores… – É verdade. No caso específico da Educação, anunciado semana passada, já estava previsto pelo governador. Nós só anunciamos e zeramos o último concurso. Obra é muito bom, mas tem que ter o social. E essa visão social do governo Ibaneis-Paco Brito é muito grande. Veja o que foi feito com o Vale Gás, o Cartão Alimentação e o Cartão Material Escolar.
Túnel de Taguatinga
O senhor acaba de visitar Taguatinga, onde os comerciantes do centro da cidade reclamam de prejuízos com a intervenção da obra do túnel… – No caso da economia, nós temos uma visão macro. Foi liberada a isenção do pagamento dessas lojas que estão sendo prejudicadas no momento, mas que serão muito beneficiadas no futuro.
É isenção ou postergação de dívidas? – É uma postergação até 2023. Fora isso, vai ser feito um boulevard maravilhoso para integrar toda a população nessa convivência. E também a revitalização da famosa Praça do Relógio, que é um marco de Taguatinga. E nada mais justo do que revitalizá-la para que ela tenha mais aconchego, mais convívio social das pessoas que podem usufruí-la.
Saúde
A propaganda do GDF mostra muitas realizações na Saúde, que é o grande problema dos governos. Há previsão de melhorias nessa área? – Já estão ocorrendo melhorias. Algumas das UPAs prometidas pelo governador já foram entregues e as outras duas ou três serão concluídas até o final do ano. O que houve foi a escassez de material. Não tinha ferro, portal, cimento… O atraso na obra de algumas UPAs se deu por este motivo.
O senhor coordenou, pessoalmente, algumas ações, como os chamados hospitais acoplados… – Verdade. Entregamos 200 leitos novos nos hospitais acoplados de Samambaia e de Ceilândia. Tudo isso sem uso de recurso público. O dinheiro foi arrecadado pelo comitê Todos Contra a Covid, do qual sou coordenador. São estruturas perenes, definitivas. Aliás, você sabe há quantos anos não era construído um hospital no DF? O último foi o do Paranoá, e o último comprado foi o de Santa Maria.
Combate à covid-19
O senhor foi vítima da covid-19 e sabe como a doença age. Considera prudente a retomada de atividades escolares presenciais e o fim do uso de máscaras em locais abertos neste momento da pandemia? – Com certeza. A grande doença do século não será a covid-19, mas as doenças psicológicas. Essas medidas elevam o número de pessoas acometidas por problemas psíquicos, inclusive em crianças. Temos que entender que o mundo está voltando ao normal. Eu tive covid. Sofri com sequelas, como a perda de memória, que agora já está melhorando. Mas ainda assim acho que já está na hora de começarmos a voltar à normalidade porque, após um número expressivo de vacinados (80%), a covid, daqui a um ou dois anos tornar-se-á uma gripe como o H1N1, com vacinas mais eficazes e com tratamentos assertivos. Mas a vida tem que voltar ao normal.
E em relação às aulas? Eu acho que tem que voltar. O índice vacinal do DF já assegura isso. O Sinpro reuniu cerca de 10% da comunidade contrária ao retorno. Mas, olha, os diretores frequentam reuniões políticas, bares, restaurantes, festas etc. E não querem voltar para a sala de aula? Há uma inversão de valores. Não são os professores, mas os diretores do Sinpro.
O Sinpro avaliou que 60% das escolas não abriram… – Foi 10%. Cerca de 60 escolas não abriram. Mostra que a diretoria está no caminho errado. A população e os pais querem que os filhos retornem. Com quem eles vão deixar os filhos para irem trabalhar?
Eleições 2022
Mudando o assunto: temos eleição no ano que vem. O senhor parece afinado com o governador. Já tem alguma sinalização de que a chapa Ibaneis-Paco Brito se repetirá? – Nós estamos afinados desde a pré-campanha. Temos um acordo de que só conversaremos sobre política a partir de janeiro, para formação de chapa. Eu trabalho no papel de vice-governador e posso adiantar que não serei candidato de mim mesmo. Caso queiram, um grupo político tem que me alçar. Se acharem que devo ser candidato a vice, assim permanecerei. O governo está bem e a chapa foi vitoriosa.
O senhor é o fiel escudeiro de Ibaneis? – Eu sou respeitador de Ibaneis Rocha. Admirador de sua rapidez de raciocínio e do seu caráter.
O senhor segue algum modelo de vice? – Eu tenho como inspiração Marco Maciel, uma pessoa correta, do bem e que sabia ser vice. Eu sei qual é o papel do vice em um governo, diferentemente de todos os outros que passaram, desde Joaquim Roriz.
Oposição
Como vê os opositores? – Não vejo quem possa nos dar trabalho. Poucos se colocam como candidatos a governador do DF e muitos se põem como candidato a vice de Ibaneis. Ou seja, o governo está muito bem.
Qual o balanço o senhor faz da gestão, até aqui? – Saímos de uma pandemia sem demissões, com o DF pagando em dia os salários, com mais de mil obras em curso, mais de 500 obras durante o auge da pandemia e gerando 35 mil empregos naquele momento. Mostramos a que viemos.
O governo cumpriu as promessas de campanha? – A chapa Ibaneis Rocha e Paco Brito não fez promessas de campanha. Como está provado aqui no túnel de Taguatinga. Nós fizemos compromissos de campanha. E eles estão sendo cumpridos. Então, mantenham e tenham a esperança de que nós faremos um governo melhor.
Como está a relação com o governo federal? – É sempre complicada a relação do governo do DF com o governo federal. Acredito que essa luta presidencial se estenderá até março e polarizará entre dois candidatos.