A Procuradoria-Geral da República (PGR) já discute os rumos do relatório que receberá da CPI da Pandemia. O documento está sendo elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e, até o momento, já tem cinco volumes com 300 páginas cada.
Acordo – Augusto Aras, que tomou posse para seu segundo mandato à frente da PGR na quinta-feira (23), não vai engavetar todo o relatório. O acordo de dar prosseguimento à investigação foi feito à época de sua segunda sabatina no Senado.
Meia gaveta – Jair Bolsonaro, no entanto, está salvo. Aras não deve denunciar ou dar andamento a qualquer investigação contra o presidente e sua família.
Deságua na 1ª instância
A primeira saída apontada pela PGR para não se comprometer com a CPI, tampouco com o governo, será dividir o relatório. Ficarão com Aras estritamente os casos envolvendo autoridades com foro. Grande parte dos indícios será encaminhada à primeira instância no DF e em São Paulo.
Pés de Barro – Esta divisão inicial vai na contramão das recentes ações do STF. Apesar de não ter tido como alvo autoridades com foro, a operação Pés de Barro, deflagrada na terça-feira (21), foi autorizada por Dias Toffoli. O ministro puxou o caso para o Supremo por envolver a gestão do deputado Ricardo Barros (PP-PR) no Ministério da Saúde. Algo pouco usual na Corte.
Boi de Piranha
A segunda ação da PGR para não engavetar 100% do relatório será usar Ricardo Barros como boi de piranha. Provavelmente, o líder do governo será o escolhido para pagar pelas falhas de Bolsonaro na gestão da pandemia. Principalmente no caso dos desvios de verba e sobrepreços de vacinas.
R$ 20 milhões – O indício foi dado na operação Pés de Barro, que apura um rombo de R$ 20 milhões pagos antecipadamente à Global Gestão em Saúde. Dois dos alvos são ex-diretores do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, empregados posteriormente no governo Bolsonaro.
Precisa – Presidida por Francisco Maximiano, a Global e Ricardo Barros são réus em ação de improbidade administrativa que tramita na Justiça do DF. Por ordem do então ministro, a pasta liberou o pagamento pelos remédios sem que a empresa tivesse apresentado documentos suficientes à Anvisa para a importação.