A confirmação oficial da presença da variante Delta no DF ocorreu nesta semana. Segundo a SES-DF, são 45 casos associados a ela. O sequenciamento genômico foi realizado pelo Laboratório Central (Lacen). Isso tudo, como disse, oficialmente. Porque extraoficialmente, já era esperada, por certo, a chegada da nova cepa.
No entanto, nem a vacinação ou outras ações foram realizadas, de forma efetiva, para garantir que a transmissão comunitária fosse controlada. Mais do que isso, se são, oficialmente, 45 casos, desde quando a variante circula pelo DF? Quantas outras pessoas estão infectadas por ela, transmitindo a doença sem saber?
A Delta, segundo especialistas, diferente da Sars-CoV-2, tem sintomas de gripe comum (dor no corpo, coriza e febre). Os outros sintomas, associados à primeira cepa, como falta de olfato ou paladar, não são encontrados facilmente nos infectados pela Delta.
Por isso, a nova variante se espalha com mais facilidade. Além do fato de ser mais transmissível. Sem controle, a cepa indiana pode ser passada para cinco ou oito pessoas. Com o vírus original, uma pessoa infectada podia transmiti-lo para outros dois ou três indivíduos. Palavra de pesquisadores.
Ainda não se sabe ao certo se a Delta é mais letal. Há diversos estudos acompanhando o comportamento da nova cepa. Contudo, por ser mais transmissível, o que tem se falado pouco é justamente sobre o aumento de casos da doença e, em consequência, o sufocamento do Sistema Único de Saúde, que já está, diante da falta de investimentos e negligência, sobrecarregado.
A perspectiva, infelizmente, é esta: a vacinação segue em ritmo lento, a terceira onda vem e os hospitais, novamente, ficarão superlotados. Por isso, falo sempre em planejamento estratégico. A impressão é de que isso não existe na gestão da SES-DF.
O enfrentamento à pandemia no DF está muito distante. Enquanto não houver a iniciativa de pensar adiante (e se preparar), a população continuará, como disse na semana passada, à mercê do vírus. A variante Delta é a ameaça do momento.
Precisamos ter prevenção e vigilância. Cadê o monitoramento de casos? Falo isso desde o início da pandemia! E se alguma variante mais letal aparecer? Manter a vacinação a passos lentos é levar os cidadãos rumo à incerteza. Se a doença não for controlada, estamos, todos sob ameaça. Ameaça à saúde, às nossas vidas e ao nosso futuro.
Nos EUA, a variante Delta está obrigando as pessoas a voltar a usar máscaras. Aqui, nem deu tempo de tirarmos as máscaras e, apesar disso, não há qualquer campanha efetiva salientando a necessidade da proteção e do distanciamento social.
A transmissibilidade da nova cepa é altíssima e cá estamos nós, no DF, brincando de realidade paralela. Não é o momento. É hora de acelerar o passo da imunização, continuar o uso de máscara e evitar, a todo o custo, aglomerações. Caso contrário, ainda que a SES-DF não oficialize a informação, temo a aproximação da terceira onda.
Cuidem-se: vacinas, monitoramento, vigilância e máscaraspara todos!
(*) Presidente do SindMédico-DF