Na semana passada, foi sancionada, no Brasil, a Lei 14.151, que garante às grávidas o afastamento do trabalho presencial durante o período da pandemia. Neste período, elas deverão desenvolver suas funções de forma remota (home office). A medida tem como objetivo reduzir a contaminação das gestantes pelo coronavírus: segundo dados do Observatório Obstétrico Brasileiro covid-19 (OOBr), o número de grávidas mortas pela doença, em 2021, já é maior que o total registrado em 2020.
O observatório revela que, neste ano, 642 mulheres grávidas morreram por covid-19. Em 2020, foram 457. Ou seja, houve aumento de 42,6%. Os dados são preocupantes! E mostram, sobretudo, que a vacinação a este grupo também deve avançar em números. Infelizmente, contudo, o Brasil segue a passos lentos. O Distrito Federal, por exemplo, retomou a imunização de grávidas, no dia 13 deste mês, após a Anvisa recomendar a suspensão do uso da vacina AstraZeneca em gestantes e puérperas.
Quero aqui lembrar ainda que as gestantes que já tomaram a primeira dose de AstraZeneca devem tomar a segunda dose apenas 45 dias após o parto. Essa é a recomendação do Ministério da Saúde. Se atentem ao prazo. E não tenham medo da vacina.
Como médico, ginecologista e obstetra, outra recomendação é: aproveitem a Lei sancionada e fiquem em casa a maior parte do tempo possível. Este não é o momento ideal para ir ali, aqui, acolá. Cuidem da gestação de vocês. Infelizmente, estamos em um cenário em que o auto-cuidado virou receita médica. E, se tratando de gravidez, esses cuidados devem ser redobrados.
Muito importante, também, é que você, grávida, continue indo às consultas de pré-natal. Elas têm papel fundamental na prevenção e, ainda, detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais. Vá, com todo o cuidado. Use máscara, use o álcool em gel e lave as mãos com frequência. E se o consultório estiver cheio? Espere do lado de fora. É preciso aliar, aqui, cuidados do pré-natal com medidas de segurança contra a covid-19.
As grávidas estão, sim, no grupo de risco com relação à covid-19. Não à-toa, o próprio Ministério da Saúde orientou àquelas mulheres que pretendem engravidar: se der, esperam mais um pouco. As novas variantes, conforme mostram os dados citados acima, são mais agressivas em gestantes e puérperas. Por isso, todo cuidado é pouco. Lembre-se que, dentro de vocês, há alguém que precisa de proteção. Portanto, esse trabalho é nosso, dos adultos. Então, vamos apostar na prevenção!