O senhor assumiu a presidência da Fecomércio mas sem o poder de comandar os conselhos do Sesc e do Senac. Como pretende resolver esse empasse? – Com muito diálogo. A gente espera que essa situação se resolva o mais rápido possível, porque a administrar o Sistema Fecomércio sem os dois braços é um mais difícil. Mas a gente tem certeza de que a Confederação Nacional do Comércio (CNC) fará o seu trabalho de administração compartilhada, também chamado de avocação, fará seu relatório, passará essa administração para mim e eu tocarei todo o Sistema Fecomércio do DF até o fim do mandato de um ano e três meses.
Para barrar sua posse no Sesc e no Senac a CNC alega que o senhor tem problema com a Justiça. Que processo é esse? – Eu entrei no Sistema em 2001. Esses fatos são de 1995 a 1997. O período de investigação foi de 1997 a 2000. Ou seja, quando eu entrei no Sistema esses fatos já tinham ocorrido. Em relação a esse processo, quando ele foi julgado, em preliminar, foi pelo arquivamento por decadência, ou seja, não houve pena condenatória, porque quando se julga em preliminar um processo, não tem julgamento de mérito. Então, ele foi extinto e arquivado.
Como gerir o Sistema diante dessa intervenção da CNC no Sesc e Senac? Como os 27 sindicatos filiados à Fecomércio-DF encaram esta situação? – Eu fiquei 17 anos como vice-administrativo da Fecomércio. Conheço bem o sistema federativo, o Sistema S e a CNC. Estou presidente. A Fecomércio é uma casa de todos os brasilienses. Aqui nós temos 27 sindicatos filiados, a diretoria, os conselhos do Sesc e do Senac, temos o conselho fiscal, um conselho consultivo superior. É uma casa que sempre aberta para todos os setores que compõem o DF. Estamos conversando com todos os sindicatos. Essas entidades e seus associados estão em fase de desespero por esse fechamento, por esse lockdown que seria até o dia 15 e foi prorrogado até o dia 23. Estamos dialogando com o governo, procurando analisar diariamente para que o setor possa ir abrindo gradativamente, mas que não ultrapasse, de forma nenhuma, o dia 23.
O senhor assume a Fecomércio no auge do segundo pico da pandemia. Qual a posição o Sistema defende em relação à proteção à vida e ao funcionamento da economia? Qual sua avaliação quanto ao lockdown decretado pelo GDF? – Lockdown é uma palavra dolorosa. Muita gente acha bonita, mas é uma palavra feia e dolorosa. Em 2020, o setor produtivo passou por uma dificuldade muito grande. Então, quando os comércios foram reabertos a economia começou a andar novamente. Quem gera emprego, renda e crescimento econômico é o setor produtivo. Então é com muita tristeza que a gente vê essa situação de comércio fechado. As empresas estão desesperadas, com suas dividas para serem pagas. A gente tem procurado dialogar com o governo para tentar encontrar uma alternativa para a reabertura do comércio, mesmo sabendo que o momento é complicado, de uma segunda onda da pandemia.
É possível manter a normalidade no funcionamento da cidade mesmo com a total falta de opções para atender pessoas que venham a contrair o covid-19? – É como eu disse: essa segunda onda é uma questão muito difícil. O governo e os técnicos da Secretaria de Saúde entendem que deve ter o lockdown. Ontem (segunda-feira, 8), foi decretado o toque de recolher das 22h às 5h. Mas o que o setor produtivo tem buscado é não pode ser penalizado por essa pandemia. A gente precisa buscar alternativas para que o comércio volte a funcionar, mas com muito diálogo com o governo e com os sindicatos. Nós precisamos, o mais rápido possível, fazer com que os comércios voltem a funcionar.
O senhor percebe uma tendência do governador a acatar este pleito? – O governador está muito triste com esta situação. Eu estive com ele e com alguns secretários hoje (terça-feira, 9) de manhã. Ele disse que cada vez que tem de assinar um decreto desse – de restrição, de toque de recolher, de fechamento – o coração dele leva uma facada. Ibaneis sabe que o setor produtivo está passando por dificuldades. Estava começando a respirar depois das vendas de final de ano e, infelizmente, veio essa segunda onda. Como Fecomércio, nos preocupamos com o grande fechamento que pode acontecer de muitas empresas e a perda de muitos postos de trabalhos. As empresas não têm mais condições de contrair empréstimos para liquidar os seus compromissos. O Refis vai até o dia 31 de março. Então o comércio estar aberto, funcionando, poderia trazer mais arrecadação para o governo, que tem a clara intenção de aumentar os leitos para o atendimento da covid-19 e voltar a uma normalidade o mais rápido possível.