Não adiantou o veto político do presidente Jair Bolsonaro. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, quarta-feira (28), a importação de matéria-prima para produção de 40 milhões de doses da CoronaVac, vacina chinesa que será produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo. A instituição acredita ser possível que as doses estejam à disposição até dezembro.
A CoronaVac é alvo de disputa política envolvendo o Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria. Na semana passada, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a negociação para adquirir as 46 milhões de doses. Contrariado, Bolsonaro mandou cancelar a compra – e o Ministério, por sua vez, divulgou novo posicionamento afirmando que não havia intenção de compra.
A liberação para importação da matéria-prima encerra outro capítulo da polêmica envolvendo os dois governos. As autoridades paulistas afirmaram que o cronograma de produção da vacina sofreria atrasos diante da demora da Anvisa na liberação da importação de matéria-prima da China.
O Butantan solicitou, em 18 de setembro, a autorização excepcional para importação da matéria-prima. A Anvisa negou demora e disse que seguiu o trâmite normal de avaliação do pedido.
A Anvisa já tinha liberado a importação de 6 milhões de doses da CoronaVac, que chegarão na próxima semana e virão envasadas e prontas para o uso. A CoronaVac está na terceira fase de testes. A Sinovac, farmacêutica chinesa responsável pela vacina, ainda não obteve o registro para aplicação do imunizante no Brasil, que não pode ser utilizado na população. Até momento, apenas dados parciais referentes à segurança da vacina foram apresentados pelo governo de São Paulo, mas não foram publicados em revistas científicas.
Cobranças – Na última semana, o Instituto Butatan, que é ligado ao governo estadual, fez cobranças públicas pela liberação da importação. A Anvisa havia respondido dizendo que havia “discrepâncias” no pedido de importação. Dimas Covas, diretor geral da instituição, cobrou a Anvisa, afirmando que a demora estava atrasando o cronograma de produção da CoronaVac. De acordo com o Butantan, a fábrica, em São Paulo, tem capacidade para produzir 1 milhão de doses por dia.