Olhar uma árvore é aceitar o princípio de não se ver tudo. Somos um ponto que olha. Esse nosso desejo de ver tudo, às vezes até atrapalha de observarmos os detalhes.
Torço para estar no grupo de pessoas que param e olham; quero ser uma pessoa que para olha com presença, com detalhe. E não apenas os objetos ou paisagens, mas as pessoas, as obras, as situações.
Aqui, peço licença para citar um dos autores que mais admiro – Bachelard – em seu texto em que discute a poética do espaço:
(…) “A imensidão é, poderíamos dizer, uma categoria filosófica do devaneio. Sem dúvida, o devaneio se alimenta de espetáculos variados, mas por uma espécie de inclinação inata contempla a grandeza.
“E a contemplação da grandeza determina uma atitude tão especial, um estado de alma tão particular, que o devaneio põe o sonhador fora do mundo mais próximo, diante de um mundo que traz a marca do infinito.
“De fato, o devaneio é um estado inteiramente constituído desde o momento inicial. Quase não o vemos começar e, no entanto, começa sempre da mesma maneira…”.
Seja do clube de pessoas que veem tudo, tudo mesmo, com presença!