A Secretaria de Mobilidade (Semob) do GDF vai receber até o dia 14 deste mês sugestões para o projeto de implantação da cobrança de estacionamentos pagos em Brasília. A ideia é dividir o Plano Piloto e o Sudoeste em quatro zonas: Ipê Amarelo (áreas residenciais do Plano Piloto e do Sudoeste); Ipê Roxo (Centro de Brasília e setores hospitalares); Ipê Rosa (Eixo Monumental); e Ipê Branco (estacionamentos perto do Metrô, BRT e similares).
Serão cobradas taxas que variam de R$ 1 a R$ 5 por hora para motocicletas e automóveis. O projeto também especifica o horário de funcionamento e tempo máximo de permanência. A empresa vencedora da licitação ficará responsável pela manutenção dos espaços e pela construção de 6 mil novas vagas em bolsões de estacionamento perto de estações do Metrô e similares. Parte dos valores arrecadados será repassada para o Instituto de Previdência dos Servidores (Iprev-DF).
Sindivarejista – O tema foi debatido em audiência pública virtual na sexta-feira (31) e, inicialmente, ganhou um grande defensor: o Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista-DF). “A cobrança de estacionamentos vai disciplinar e educar o uso de veículos no DF, acabando com abusos que prejudicam as pessoas que pretendem ir às compras”, afirma o presidente da entidade que representa 30 mil lojas de rua e de shoppings, Edson de Castro.
“Em muitas lojas, funcionários e proprietários estacionam os veículos às 8h e só retiram às 19h, o que impede que haja vagas para carros de consumidores. Já fizemos duas campanhas visando mudar este cenário, mas não houve êxito. O vício perdura numa cidade que tem mais de 1,2 milhão de veículos. Faltam vagas, sobram reclamações”, reitera Edson de Castro.
O Sindivarejista fez um levantamento dos pontos mais críticos em termos de escassez de vagas na capital: são o setores comerciais Sul e Norte; os setor hoteleiros Sul e Norte; de Autarquias Sul; Hospitalar Sul e Norte e Esplanada dos Ministérios. “A proposta da implantação da Zona Verde chegou em boa hora. Há 22 anos o GDF tentou instalar algo semelhante, mas a idéia não prosperou e os estacionamentos hoje são vigiados por pessoas sem nenhum preparo e sem compromisso com os donos de veículos”.
Perdas – De acordo com o GDF, a Zona Verde é um estímulo ao transporte público e à ocupação eficiente dos espaços, em atendimento às diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Conforme a proposta em discussão, a concessão terá duração de 30 anos, com investimento de R$ 300 milhões em valores atuais.
O Sindivarejista estima que o comércio perde, anualmente, mais de R$ 50 milhões porque os consumidores não têm onde parar os seus veículos e vão embora. “Isso causa desemprego”, disse Castro. Ele lembrou que o sindicato fez campanhas com o tema “Quem não para não compra”, visando criar vagas para carros dos consumidores.
O presidente do Sindivarejista ponderou, entretanto, que a sugestão de se criar vagas pagas dentro de superquadras residenciais deve ser melhor analisada. “O dono do imóvel já paga o IPTU a TLP. O foco maior é desafogar as quadras comerciais e os setores vitais para a economia”.
Pela proposta da Semob, cada morador teria direito a uma vaga gratuita na quadra. Durante a semana, o estacionamento seria pago das 9h às 20h. Aos sábado, a cobrança valeria das 9h às 13h. No domingo, não haveria taxa. A secretaria estima que a Zona Verde deve cobrar por cerca de 100 mil vagas no centro do DF. Deste total, 73 mil serão em áreas residenciais.
Representantes dos conselhos comunitários da Asa Sul e da Asa Norte são contra o projeto. Argumentam que privatizar os estacionamentos, sem um sistema de transporte público de qualidade, punirá o cidadão. E defendem a priorização de outras ações para a mobilidade urbana, antes da cobrança de estacionamentos públicos.
Entre as medidas, está a ampliação do metrô até a Asa Norte; a implantação do VLT, na W3 e na L2 Sul; a construção de terminais de integração, entre os diferentes meios de transportes públicos; a integração das ciclovias e ciclofaixas e construção de bicicletários em praças e pontos de ônibus; e implantação de rede transversal de ônibus de vizinhança, interligando as quadras 800 às quadras 900.