Da Redação
Enquanto as subnotificações escondem a real dimensão da pandemia do novo coronavírus no Brasil, grupos extremistas de ultradireita, convocados pelo Gabinete do Ódio instalado no Palácio do Planalto, vão às ruas clamar por ditadura militar, repressão e morte. São grupos de terraplanistas, que atacam a educação pública e desqualificam a ciência e a medicina no momento que somente isso pode salvar o Brasil da covid-19.
A pauta da manifestação política, realizada no domingo (19), em defesa de um golpe de Estado com fechamento de instituições democráticas, como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), pedia a volta do AI5. Na economia, esses grupos, que atuam no governo Bolsonaro em cargos fundamentais, flertam com o terraplanismo econômico e seguem a ortodoxia neoliberal, que, questionada no mundo inteiro desde a segunda metade do século XX, distribui no planeta a miséria e a degradação intelectual, moral e social.
A diretoria colegiada do Sinpro-DF entende que a violência da pandemia do novo coronavírus em curso no Brasil, já com várias unidades da Federação em estado de calamidade pública por falta de leitos nos hospitais para salvar vidas de contaminados e pela irresponsabilidade do Presidente da República de convocar a classe trabalhadora para ir às ruas, faz parte da agenda de austeridade adotada em 2015 e consolidada com o golpe de 2016.
No Brasil, as subnotificações escondem a real dimensão da pandemia. Por causa disso, todos os institutos científicos do mundo orientam a população brasileira a multiplicar por 10 cada número divulgado pelos governos, a fim de encontrar, mais ou menos, a taxa de contaminação e mortalidade reais. A prova do nível de contaminação está no fato de que o primeiro caso da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, ter sido confirmado no Brasil em 26 de fevereiro de 2020. Em menos 2 meses, os casos registrados já ultrapassaram 30 mil com mais de duas mil mortes.
No Distrito Federal, apesar das medidas do governador para conter o avanço da pandemia, a doença chegou e se instalou. Vários dados mostram que o DF vive uma intensa taxa de subnotificação. Os números dos Cartórios de Registro Civil da capital do País, por exemplo, apontam que, em 4 meses, o DF tem mais mortes por doenças pulmonares do que em todo o ano de 2019.
Importante lembrar ainda que a tentativa de esconder as dimensões, as razões e orientações sobre as epidemias foi uma prática da ditadura militar. Em 1974, durante terceiro surto da epidemia de meningite no Brasil, os generais esconderam da população a gravidade e a dimensão da epidemia. Escolas fechadas, hospitais lotados e eventos foram cancelados, como os Jogos Pan-Americanos de 1975. O mais grave é que a censura proibiu os meios de comunicação de falar sobre a doença e, ao impor o silenciamento, impediu que ações rápidas e adequadas fossem tomadas. Milhares de brasileiros morreram.
O exemplo material dessa situação é a atitude do Presidente Bolsonaro de comparecer ao ato de domingo (19), em Brasília, para discursar a favor de um golpe militar e a instalação de um Estado de exceção. O objetivo é confundir e envolver o povo numa escalada de mortes nunca vista no Brasil. A diretoria colegiada do Sinpro-DF pede à categoria para crer na ciência e no exemplo dos países do mundo inteiro no combate à pandemia, sempre com obediência ao isolamento social, defesa das instituições públicas e respeito pela vida.
As lideranças sindicais do Sinpro-DF, entidade erguida e marcada pela defesa intransigente da democracia, vêm lembrar, também, que, para quem conhece a história recente do Brasil, a pauta desses grupos extremistas defensores da necropolítica e liderados por Jair Bolsonaro, é sinônimo de morte, pobreza, dívida, fome, fascismo e toda sorte de misérias e desmandos contra a sociedade, os serviços e servidores públicos e contra o patrimônio e as riquezas nacionais. É sinônimo, sim, de terra devastada. E temos exemplos concretos na História.
Diante dessa situação, o Sinpro-DF se associa às centrais sindicais e a seus sindicatos filiados, aos parlamentares federais, distritais e ministros do STF que defendem, irredutivelmente, a democracia. Também se une aos 20 governadores que assinaram a carta do Fórum de Governadores, na qual defendem a democracia e os encaminhamentos do Congresso, do STF e dos estados contra a pandemia do novo coronavírus.