Divergências entre os interesses da classe artística do Distrito Federal e os de Adão Cândido foi o principal motivo que levou o governo Ibaneis Rocha (MDB) a exonerá-lo do cargo de secretário Cultura e Economia Criativa.
Depois de assumido pelo Governo do Distrito Federal (GDF) que a tensão entre a classe artística do DF e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa foi a principal causa da exoneração do ex-secretário Adão Cândido, no fim do ano passado, a Frente Unificada da Cultura do DF apresentou ao novo secretário, o jornalista Bartolomeu Rodrigues, uma carta aberta escrita e aprovada pelo movimento na qual destaca 11 pontos fundamentais para a secretaria arrumar a casa e retomar a economia da cultura na capital do País.
Entregue a Rodrigues nesta quarta-feira (8), durante uma reunião de mais de 2 horas, a carta revela críticas severas e, em vários momentos, classifica como “desastrosa” a gestão de Adão Cândido.Apresenta também um movimento cultural disposto a dialogar. Diz também que a Frente está aberta ao diálogo em prol dos interesses da sociedade, dos produtores culturais e dos artistas.
O documento da Frente Unificada da Cultura do DF finaliza afirmando que os integrantes do movimento artístico-cultural do DF estão “certos de que esta nova gestão reconhece a importância do setor cultural para o desenvolvimento integral do Distrito Federal, assim como para a geração de renda e serviços, a inclusão social, o apoio à educação e o fortalecimento da cadeia produtiva da economia criativa”.
SUSPENSÃO DE EDITAIS
Adão Cândido sofria com queixas, sobretudo, da classe artística. As críticas se intensificaram após suspensão, no ano passado, de dois editais do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), lançados no ano passado, a saber: o FAC Áreas Culturais e o FAC Audiovisual. O Conselho de Cultura do DF chegou, até mesmo, a pedir a demissão do secretário.
Em entrevista à imprensa, Cândido anunciou o cancelamento do edital FAC Áreas Culturais (R$ 25 milhões) e a manutenção do FAC Audiovisual (R$ 12 milhões) e declarou que a intenção do governo era utilizar parte da verba do FAC Áreas na linha de restauro do Teatro Nacional Claudio Santoro, fechado desde 2014, para abrir a primeira etapa, a Sala Martins Pena, até este ano de 2020, quando Brasília comemora 60 anos.
Cândido declarou também que o governo teria respaldo para fazer isso, pois o edital foi lançado no governo anterior e já contava com o orçamento de 2019, que seria de, aproximadamente, R$ 68 milhões, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). “Não se pode fazer o edital com o orçamento do (ano) seguinte e esse foi justamente o caso”, afirmou na época.
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